O Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo "Sim", que formalizou hoje a sua participação na campanha para o referendo ao aborto, alertou para a importância do voto dos portugueses por ser um «referendo decisivo».
O movimento entregou 11.615 assinaturas na Comissão Nacional de Eleições (CNE), tendo nomeado 91 mandatários para a campanha, informou Inês Pedrosa, sendo assim o primeiro grupo de cidadãos a formalizar o seu movimento.
A Lei do Referendo determina que os grupos de cidadãos que querem participar na campanha e ter apoios legais devem recolher e entregar na CNE um mínimo de cinco mil assinaturas e nomear pelo menos 25 mandatários.
«As pessoas estão a tomar consciência agora que ao não votar estão a sancionar qualquer coisa», afirmou a mandatária, sublinhando que muitos não votaram no referendo de 1998 por «não concordarem com ele, porque havia uma lei, e por considerarem ser custo desnecessário e uma iniciativa demagógica».
Para Inês Pedrosa, é preciso «acabar com a situação vigente de grande hipocrisia e crueldade para as mulheres», sublinhando que «Portugal tem de ser um país da Europa».
«Ao contrário do que se diz, a legalização diminui o número de abortos porque as mulheres têm um maior acesso à medicina, maior contacto com os hospitais, evitando assim esta situação», justificou.
Além disso, a escritora alertou igualmente para o facto de a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IGV) não trazer custos suplementares «como também se fala agora».
«O Serviço Nacional de Saúde já está a ser penalizado com os resultados negativos de abortos clandestinos que desembocam nos hospitais», afirmou.
O Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo "Sim" foi criado «para esclarecer os cidadãos, não tendo qualquer ideologia partidária», afirmou Inês Pedrosa, informando que vai ser realizado um leilão de obras de arte e sessões de esclarecimento por todo o país com médicos e juristas.
Deste grupo de cidadãos fazem parte também a socialista Lígia Amâncio, o sindicalista Ulisses Garrido, o juiz desembargador Eurico Reis, as jornalistas Helena Matos e Fernanda Câncio, o psiquiatra Júlio Machado Vaz, os músicos Sérgio Godinho e Rui Reininho, o eurodeputado do Bloco de Esquerda Miguel Portas e o deputado socialista Manuel Alegre.