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Agressão física e abuso sexual são maus-tratos mais comuns

A agressão física e o abuso sexual são os maus-tratos mais detectados em crianças nas urgências de Pediatria do Hospital Amadora-Sintra, revela um estudo premiado segunda-feira pela Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP).

O estudo "Maus-tratos numa urgência pediátrica", realizado por Alexandra Vasconcelos, Bruno Cardoso e por Helena Isabel Almeida, chefe dos serviços de urgência do departamento de Pediatria do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), analisou 416 casos de maus-tratos detectados no hospital, entre Janeiro de 2000 e Dezembro de 2005.

A análise das 416 situações revelou que em 60,3 por cento dos casos as crianças foram vítimas de agressão física, 30,3 por cento foram vítimas de abuso sexual e 14,4 por cento de abuso emocional com agressão física.

Relativamente às idades, 45,9 por cento das vítimas dos maus-tratos registrados tinham entre oito e catorze anos, e dos 60 por cento das vítimas femininas, a idade média era de 7 anos.

Os dados revelaram ainda que, em 97 por cento dos casos registrados tratava-se da primeira ida ao serviço de urgência por suspeita de mau trato, no entanto em 37,5 por cento havia evidência de que o abuso era crónico.

Os objectivos do estudo foram, segundo os autores, «conseguir perceber que tipo de crianças são vítimas de maus-tratos, apurar factores que motivaram os maus-tratos e estabelecer uma caracterização do agressor, assim como avaliar a sensibilidade e o envolvimento dos profissionais da urgência pediátrica no reconhecimento e encaminhamento dos casos».

76% das crianças regressaram para casa

O estudo adianta também que a maioria das agressões (58,9 por cento) ocorreu no domicílio e 53,1 por cento dos agressores eram coabitantes com a vítima.

Em 67,8 por cento o agressor era do sexo masculino, e pai da vítima em 24.3 por cento das situações.

Em relação à agressão física, os dados revelam que as vítimas tinham entre dez e catorze anos, com igual distribuição entre os sexos, sendo em 58 por cento dos casos o agressor coabitante da criança maltratada.

Relativamente ao abuso sexual, a distribuição por idades varia com picos entre os três e os quatro anos e dos onze aos catorze anos, sendo 86 por cento das vítimas do sexo feminino e o agressor em 59,5 por cento dos casos familiar ou conhecido da criança sexualmente abusada.

O destino de 76,7 por cento das 416 crianças foi o domicílio e em 2,9 por cento dos casos uma instituição de acolhimento, tendo sido 89 por cento do total das situações avaliadas pela assistente social e apenas em 41,1 por cento apresentada queixa na PSP.

Dos casos mais graves destacam-se uma morte, por trauma abdominal, e outra por negligência, tendo mais sete crianças sofrido fracturas ósseas.