O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, advertiu esta terça-feira para a possibilidade de um novo deslocamento maciço da população, devido aos combates entre as forças governamentais e as milícias islamitas.
A intervenção militar da Etiópia no conflito que opõe as forças governamentais - que dominam apenas uma pequena parte da Somália - e as forças islamitas reacendeu os combates nos últimos dias, a ponto de o Conselho de Segurança da ONU ter decidido convocar para hoje uma reunião de emergência.
A decisão foi tomada depois do primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, ter afirmado hoje que os combates entre as forças dos tribunais islâmicos somalis e do Governo terem feito mais de 1000 mortos e 3000 feridos desde 20 de Dezembro.
Os combates, que são acompanhados por uma intervenção militar da Etiópia em apoio das forças governamentais, já levaram ao êxodo de «vários milhares de pessoas» no interior da Somália, afirmou o ex-primeiro-ministro português num comunicado.
«Apelo a todas as partes combatentes a respeitar os princípios humanitários e a proteger as populações civis», declarou Guterres.
«A ajuda já se confronta com numerosos obstáculos na região, nomeadamente a insegurança e as catástrofes naturais. A última coisa que os somalis e nós mesmos necessitamos é um novo deslocamento maciço da população», acrescentou o Alto-Comissário no comunicado.
Guterres, que se afirma «profundamente inquieto» pelo agravamento do conflito, considera que um êxodo no Corno de África reduzirá ainda mais os recursos dos organismos de ajuda internacional.
Por enquanto, ainda não se registou qualquer movimento de refugiados através das fronteiras da Somália.
O Conselho de Segurança deverá reunir-se a partir das 15.00 horas (20.00 em Lisboa) para ouvir o enviado especial da ONU à Somália, François Lonseny.