A Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados ameaça processar o secretário de Estado Ascenso Simões por difamação e atentado ao bom nome. Em causa estão declarações do governante que acusou a associação de não ter gasto como devia o dinheiro atribuído pelo Governo. Ascenso Simões não gostou das palavras da associação e ameaça ele próprio ir para tribunal.
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACAM) e o secretário de Estado da Protecção Civil envolveram-se numa polémica e ameaçam ambos ir para tribunal para resolver a questão.
Em causa estão declarações atribuídas ao secretário de Estado Ascenso Simões que acusou a Associação de não ter gasto como devia o dinheiro atribuído pelo Governo para actividades que promovam a redução dos acidentes na estrada.
Perante estas declarações, a ACAM acusou o Governo de pressões para tentar silenciar a associação. Em conferência de imprensa, Manuel João Ramos, presidente daquela organização, explicou que o prazo para gastar o dinheiro em causa ainda não terminou e acusou o Governo de apenas querer calar uma associação que o incomoda.
A ACAM quer que Ascenso Simões retire o que disse até ao dia 30. Se tal não acontecer, a Associação pondera avançar para uma queixa-crime contra o secretário de Estado da Protecção Civil.
«Se não forem negadas [as acusações] no prazo devido - nós enviámos uma carta com aviso de recepção à secretaria de Estado - nós não temos outra solução na nossa perspectiva para defender o nosso bom nome senão fazer uma queixa-crime contra o secretário de Estado», adiantou aquele responsável.
E porque entende que se quebrou a confiança institucional com o Ministério da Administração Interna, a ACAM diz que não há condições para manter a colaboração com o ministério de Rui Pereira.
A ACAM aproveitou ainda para frisar que o Governo instrumentalizou as comemorações do Dia da Memória e fala de uma «fantochada» para tentar cumpri o objectivo de mil mortos na estrada até ao final do ano.
Contactado pela TSF, já depois destas declarações, Ascenso Simões reafirmou as acusações de que a ACAM gastou mal o dinheiro atribuído pelo Governo.
Questionado sobre se o Governo se atrasou na entrega do dinheiro, uma das críticas da ACAM, o governante explicou que «os apoios são atribuídos à medida que se realizam as acções».
«Exactamente por isso não houve uma entrega de mais recursos. Se a ACAM tivesse feito as acções com que se tinha comprometido, tinha havido os recursos complementares. Isso só prova que a ACAM não cumpriu a candidatura que apresentou», explicou.
Perante as declarações da ACAM, esta quinta-feira, também Ascenso Simões ameaça a Associação com um processo em tribunal.
«Irei dar indicações ao meu advogado para que avalie as intervenções feitas hoje nessa conferência de imprensa. Porque se há pessoa que está a ser posta em causa sou eu e sou eu que tenho todas as razões para colocar os dirigentes ou dirigente da ACAM no devido sítio, ou seja, num processo-crime que eu próprio irei ponderar apresentar», disse.