Três juízes e um magistrado portugueses, a trabalhar há mais de um ano em Timor-leste, nunca receberam o pagamento prometido pelo Ministério da Justiça, em Lisboa. Sem salário, os juízes ameaçam voltar para Portugal.
Manuel Ramos Soares, secretário-geral da Associação Sindical dos Juízes, explicou à TSF que os magistrados querem voltar porque «o Estado entendeu que não tinha de pagar o seu vencimento e os juízes ficaram em dificuldades em termos financeiros, e também ao nível da segurança social porque deixaram de fazer os descontos».
Há cerca de um ano que o Ministério da Justiça deixou de lhes pagar o ordenado. Agora os juízes recebem apenas uma bolsa de cooperação paga pelas Nações Unidas.
Este grupo de três juízes e um magistrado tem garantido o funcionamento da Justiça em Timor-leste mas a missão está por um fio. Ivo Rosa, um dos juízes, disse à TSF que se este grupo voltar para casa o sistema judicial timorense fica ameaçado.
«É óbvio que o sistema de justiça, que é muito semelhante ao português, fica posto em causa», avisa, acrescentando que a língua e a justiça são os dois pontos mais importantes da cooperação entre Portugal e Timor-leste.
Contactado pela TSF, o Ministério da Justiça recusa qualquer responsabilidade neste caso afirmando que a missão em que estão integrados estes magistrados pertence às Nações Unidas.