Portugal é o quarto país da Europa ocidental onde, em 2006, se registaram mais casos HIV/Sida. No Dia Mundial de luta contra a Sida, o ministro da Saúde salientou que, apesar dos elevados números os casos estão a diminuir, em Portugal, e sublinhou a importância de apostar na prevenção, sobretudo nas escolas.
Até ao final de Setembro deste ano estavam registados em Portugal mais de 32.000 casos de HIV/Sida, com um relatório das Nações Unidas, a indicar que Portugal é o quarto país da Europa Ocidental que mais casos novos diagnosticou em 2006.
Mesmo assim, os casos estão a diminuir defende o ministro da Saúde. «Os números neste momento, de 2006, representam, no caso da infecção, os números mais baixos desde 2001 e, no caso da Sida, os números mais baixos desde 1996, o que significa que se está a reduzir a incidência e a prevalência da doença», disse Correia de Campos no final de uma reunião do Conselho Nacional para a Infecção VIH/Sida.
De acordo com o ministro da Saúde, a principal arma para combater esta realidade passa pela educação, informação e conhecimento, sobretudo nas escolas, bem como por «uma distribuição muito vasta de preservativos».
«É muito importante que a educação se faça desde o nível de educação primário ou secundário», defendeu Correia de Campos, adiantando que os alunos são eles próprios «informadores para a sua família».
Correia de Campos lembrou que, do lado da evolução positiva, o número de casos de transmissão da doença de mães para filhos caiu de 25 por cento para apenas dois por cento e que as infecções através de seringas também têm vindo a diminuir.
Quanto à intervenção nas prisões junto dos reclusos, nomeadamente através da distribuição de seringas, o ministro limitou-se a referir que o processo está a decorrer, remetendo outros pormenores para o ministério da Justiça.
Questionado ainda sobre a proposta já avançada pelo ministério da Saúde de colocar anti-retrovirais à venda nas farmácias, Correia de Campos apenas adiantou que se trata de «um processo que precisa do acordo de três entidades» - hospitais, farmácia e cidadãos - e que não avançará sem a concordância das três partes.
«Os cidadãos receiam uma situação de estigma, têm um desejo e um direito de ter a sua privacidade reservada», acrescentou.
A venda de anti-retrovirais nas farmácias foi proposta por Correia de Campos e conta com a reprovação da Ordem dos Médicos, que defende que isso seria uma situação de grande risco para a saúde pública.
Entretanto, o coordenador nacional para a infecção VIH/Sida destacou igualmente que o número de casos está a diminuir em Portugal, considerando, no entanto, que é essencial reforçar a prevenção.
Segundo Henrique Bastos, tem havido nos últimos tempos uma tentativa de promover «as declarações de casos», o que poderá ter levado a um aumento das notificações, ainda assim «não são infecções novas», mas sim doentes portadores da infecção há vários anos.