Carles Puigdemont anunciou que vai remeter ao parlamento regional o resultado da votação, na qual o sim terá conquistado 90% dos votos.
O presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, declarou este domingo que, após o referendo, os catalães ganharam "o direito a ter um Estado independente" e anunciou que remeterá ao parlamento regional o resultado da votação.
"Hoje, com esta jornada de esperança e também de sofrimento, os cidadãos da Catalunha ganharam o direito a ter um Estado independente que se constitua em forma de república", sublinhou, numa declaração no Palau, a sede do governo, acompanhado pelos membros do executivo regional.
Puigdemont anunciou que enviará, "nos próximos dias", ao parlamento catalão "os resultados" da consulta de hoje, para que "atue de acordo com o que está previsto na lei do referendo".
Na declaração, na qual não revelou números sobre a votação, o governante catalão defendeu que "as instituições catalãs têm o dever de respeitar e aplicar o que hoje decidiram os seus cidadãos, e de o honrar com a sua fidelidade ao compromisso para erguer, digna e coletivamente, um país livre, pacífico e democrático".
Puigdemont deixou um apelo à união dos catalães, numa região que ficou profundamente dividida durante este processo, com estudos de opinião a indicarem que a maioria dos habitantes é contra a independência da Catalunha.
"O caminho que temos de percorrer a partir de agora temos de percorrer juntos, tal como temos feito juntos o caminho que nos trouxe até aqui. E temos que continuar com civismo e paz, porque é o desejo deste país", declarou, antes de defender a necessidade de abertura "às propostas de diálogo que sirvam para respeitar a vontade dos catalães e as propostas de mediação".
Carles Puigdemont, adiantou que o Estado espanhol "escreveu uma página vergonhosa" na sua relação com a região, apelando à União Europeia para que tenha em atenção a violação de direitos humanos.
"Nós, catalães, ganhámos o direito a sermos respeitados pela Europa. A União Europeia não pode continuar a virar a cara. Somos cidadãos europeus, que sofremos a vulnerabilização de direitos e liberdades, violações diretas da Carta Europeia de Direitos Fundamentais", disse, numa declaração em que esteve acompanhado pelos restantes membros do executivo catalão.
Para Puigdemont, "a situação que se gerou na Catalunha pela intransigência e repressão, pela negação absoluta do reconhecimento da realidade, pela hostilidade face às exigências democráticas dos cidadãos do nosso país, já não é um assunto interno", mas "um assunto de interesse europeu".