O Governo apresenta, esta quinta-feira, os moldes da extinção da holding estatal IPE - Investimentos e Participações Empresariais. Para trás fica uma história de sucesso que começou nos tempos do PREC.
O Governo prepara-se para divulgar, esta quinta-feira, os moldes da extinção do IPE - Investimentos e Participações Empresariais, a holding do Estado que trata dos investimentos e participações empresariais estatais e que desaparece no último dia do ano.
Até ao momento, sabe-se que as pequenas participações que o Estado detém no IPE vão ser alienadas até Maio. Fora da venda aos privados devem ficar as Águas de Portugal, ao contrário da Companhia das Lezírias e da Inatur que devem ser total ou parcialmente privatizadas. Neste processo calcula-se que mais de uma centena de trabalhadores do IPE venham a ser dispensados.
Nascimento remonta ao PREC
O IPE é um filho do 25 de Abril. Nasceu em 1975 para gerir as participações do Estado nas empresas que foram nacionalizadas depois da revolução, como por exemplo a CUF e a Siderurgia Nacional.
Em 1977, o IPE gere já mais de 1300 participações mas começa a reduzir a sua presença nas empresas e, no final da década de setenta, já só gere 70 participações.
Com a chegada do PSD ao Governo, o IPE transforma-se em sociedade anónima de capitais públicos e centra as acções no combate ao desemprego e na alienação das empresas. É também nesta altura que a holding estatal entra na Renault.
Em 1984, o IPE é reestruturado e, a partir daqui, muda ainda mais de orientação e de estratégia, no sentido de alienação das participações do Estado nas empresas que tinham sido nacionalizadas.
No inicio dos anos 90, ainda com o PSD no Governo, são vendidas ou removidas várias participações na banca, nas seguradoras, nas cimenteiras, telecomunicações e empresa metalomecânicas, enquanto que a Brisa, a Marconi e a Secil passam para subholdings.
Entretanto o IPE, até aqui Instituto de Participações do Estado. muda de nome mas mantém a sigla e passa a chamar-se IPE- Investimento e Participações Empresariais.
Em 1992 são feitas alienações em 35 empresas no valor de 55 milhões de contos. Com a chegada ao governo do PS, em 1995, o IPE é reanimado e passa a investir no ambiente, nas empresas de água e saneamento, sendo que 70 por cento da população fica abastecida por empresas ligadas ao IPE.
Nesta altura a holding estatal atinge uma forte internacionalização e aposta no investimento no estrangeiro.
O Governo de António Guterres chegou mesmo a aumentar o capital da empresa, estando previstas novas áreas de investimento como a Saúde e o Turismo. Mas tudo isso ficou na gaveta com a chegada do PSD ao Governo.