A extinção da IPE levanta algumas dúvidas. Para o economista João Carvalho das Neves, o desaparecimento da holding. em ermos económicos, não podia vir em pior altura. Quanto muito, proceder-se-ia a uma reestruturação do organismo.
A extinção do IPE surge porque faz parte do programa do Governo. O economista João Carvalho das Neves, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) diz que essa é uma das razões mas que sabe a pouco.
É que, em termos económicos, diz o economista, esta é a pior altura para acabar com o IPE, que aposta tudo no desenvolvimento das empresas.
«Na situação actual há uma quebra do investimento privado. O país esta relativamente pouco atractivo para o investimento estrangeiro. Há necessidade de uma melhoria da produtividade. Portanto, se pensarmos só nestes três aspectos, parece que, o Governo se tivesse uma empresa que fosse instrumental, poderia apostar em contribuir para o desenvolvimento», defende o economista.
João Carvalho das Neves vai mais longe e diz que a situação financeira do IPE é bastante saudável. Segundo o economista, a holding ainda tem quase um milhão de euros de activos e «uma situação do ponto de vista da rentabilidade perfeitamente estável», para além de ter poucas dívidas.
«Tem uma rentabilidade de capitais próprios de 7,5 por cento, é uma empresa que não tem praticamente dívidas. Apenas à volta dos nove ou dez por cento dos activos é que são dívidas. Portanto, é uma empresa que, do ponto de vista financeiro, é perfeitamente estável. Inclusivamente, as ultimas contas que nós temos, de 2001, deram um resultado líquido de 55 milhões de euros e dividendos aos seus accionistas de 27,5 milhões de euros.», esclarece João das Neves.
O economista questiona ainda qual vai ser o futuro das empresas que fazem parte do IPE
«Neste momento o que é que se vai fazer? Vai fazer-se uma cisão, um spin-off disto tudo, cada uma das empresas fica dependente do ministro? Não sei quais são os termos em que as coisas vão avançar. Provavelmente o que irá ocorrer serão privatizações de cada uma destas áreas porque, águas e saneamento, resíduos sólidos e urbanos são hoje um negócio extremamente atractivo para os privados», avança.
Apesar das dúvidas, o economista admite que o IPE poderia ser reestruturado mas não extinto.