economia

Aumentos justificados com sinistralidade

Os aumentos de dez a doze por cento do seguro automóvel, previsto para 2003, são justificados pelas seguradoras com a elevada sinistralidade das estradas portuguesas. O Conselho da Concorrência aponta para práticas de cartelizaçõa.

O seguro automóvel vai aumentar entre dez e doze por cento, em 2003, um valor três vezes superior à inflação prevista pelo Governo. Para justificar o aumento, as seguradoras usam o argumento da elevada sinistralidade que se verifica nas estradas portuguesas.

Perante a situação, a DECO considera estranho o facto de todas as companhias de seguro terem decidido aumentar, na mesma percentagem, o seguro automóvel, entendendo que existe, neste caso, uma lógica de cartelização.

A mesma opinião é partilhada por José Anselmo Rodrigues, presidente do Conselho da Concorrência. Em declarações no programa Fórum TSF, da TSF, Anselmo Rodrigues admite que existem sinais evidentes de cartelização, ou seja, concertação de estratégias para impor um preço de referência, o que é contrário à lei da concorrência.

«há alguns indícios que apontam nesse sentido. Falta de facto apurá-lo. É à Direcção-geral (da Concorrência) que compete apurá-lo, no nosso sistema actual. Simplesmente não vejo que tenha meios humanos, técnicos, etc, para conseguir chegar a qualquer resultado», avançou aquele responsável.

Por sua vez, António Reis, da Associação Portuguesa de Seguradores, diz não ter conhecimentos de aumentos generalizados a todas as seguradoras.

«Entre dez e doze por cento não conheço. Admito que haja seguradoras que irão aumentar, admito que haja outras que não aumentem porque cada seguradora é uma realidade distinta», avançou António Reis à TSF.

Aquele responsável diz ainda que as 40 seguradoras que operam no ramo automóvel têm preços diferentes «e é isso que permite que, efectivamente, o consumidor se possa aproveitar da concorrência que existe no mercado».