Ambiente

O mundo vai estar cada vez mais exposto a fenómenos meteorológicos extremos

Stefan Wermuth/Reuters

Um estudo sobre as mortes por calor mostra que, em 2100, se nada for feito, 74% da população mundial vai estar sujeita a ondas de calor mortais.

Os incêndios em Portugal, as cheias na Austrália e os Furacões nas Caraíbas e Estados Unidos estas são algumas das consequências diretas das ondas de calor que cada vez com mais frequência atingem o planeta.

Camilo Mora, professor na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade do Havai, explica que tudo está interligado: "As ondas de calor fazem evaporar a água dos solos o que pode aumentar a humidade mas faz com que os solos fiquem muito secos. As plantas morrem e transformam-se em combustível para os incêndios e eu sei que em Portugal tiveram muitos este ano.

No oceano a acumulação do calor vai alimentar a força dos furacões e foi por isso que tivemos o Irma, o Maria e o Harvey. Também vamos ter inundações maiores.

"As pessoas muitas vezes pensam nas alterações climáticas como algo que vai acontecer daqui a 100 anos, mas com este estudo demonstrámos que já estamos a sofrer os efeitos". Camilo Mora avisa que os fenómenos extremos só tendem a piorar porque temos andado a estragar o planeta e agora temos todas estas ondas de calor a matar as pessoas.

O professor da Universidade do Havai diz que infelizmente já não temos muitas escolhas. Os danos que já fizemos não são reversíveis.

A universidade do Havai partiu para este estudo para tentar perceber porque é que as ondas de calor fazem cada vez mais vitimas e descobriu que a humidade é o fator chave. É a combinação do calor com a humidade que faz com que as condições sejam tão mortíferas.

Podemos até ter uma temperatura média, por exemplo 25 graus, mas se a humidade for muito alta isso pode potencialmente matar um ser humano. Isto porque o nosso corpo arrefece através da evaporação do suor. Quando está muito calor o corpo envia sangue para a pele para que arrefeça através da transpiração. Se houver muita humidade infelizmente o suor não evapora e não baixamos a temperatura que continua a aumentar até se chegar ao estado de hipertermia.

Camilo Mora admite que fica frustrado quando vê Donald Trump desvalorizar as alterações climáticas e abandonar o acordo de Paris mas realça que para toda a ação há uma reação. Trump abandonou o acordo de Paris mas a China chegou-se à frente e começou a apostar em energias alternativas.