Autoridade Nacional diz que era fundamental ouvir quem liderou o combate ao fogo que matou mais de 60 pessoas. Comissão Técnica Independente desmente: pode ser apenas um "mal-entendido".
Além de recusar as falhas apontadas pelo relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) criada pelo Parlamento para avaliar o que se passou no incêndio de Pedrógão Grande, a análise da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) a que a TSF teve acesso acusa a Comissão de não ter ouvido os principais comandantes envolvidos no fogo.
O documento é claro a dizer que "o relatório deixou à margem, tão somente, o elemento que conduziu estrategicamente todas as operações", o comandante operacional nacional, Rui Esteves, além dos comandantes de agrupamento distritais que estiveram no terreno e considerados pela ANPC "absolutamente cruciais" para se perceber aquilo que se passou: Pedro Nunes e Belo Costa.
Comissão Independente desmente
A posição da ANPC parece no entanto colidir com o que está escrito no relatório da CTI que garante que os três comandantes foram "contactados" durante a elaboração do relatório, uma afirmação reforçada pelas declarações de dois membros da CTI à TSF.
Sande Silva, um dos 12 membros, acredita que "estamos perante um mal-entendido pois o problema será se foram ou não ouvidos em audição".
Sande Silva explica que nem todos os 200 nomes referidos no relatório foram ouvidos numa audição formal e algumas pessoas apenas estão referidas no fim "como forma de agradecimento pela ajuda que deram": "Há casos de pessoas convocados por oficio e outras que apenas deram esclarecimentos por telefone a questões técnicas".
Outro membro da CTI, Paulo Fernandes, também garante à TSF que apesar de não ter estado presente tem a certeza, até pelo relato do presidente da Comissão, que Rui Esteves e Belo Costa estiveram no parlamento a ser ouvidos.
Além do que está escrito no documento de resposta ao relatório da CTI, fonte da Proteção Civil confirma à TSF que Rui Esteves e Belo Costa foram ao parlamento, mas apenas a acompanhar o presidente da ANPC, Joaquim Leitão, esse sim convocado para ser ouvido por membros da Comissão Técnica Independente.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da comissão independente, João Guerreiro, garante que foram ouvidos os cargos de topo da Proteção Civil e que tudo o que está no relatório "está bem documentado".
"Todos os comandantes de operações de socorro (COS) foram ouvidos e o próprio topo da ANPC foi ouvido também, o presidente e o comandante Rui Esteves, que esteve na minha presença também na Assembleia da República e, portanto, o que está escrito no relatório resulta da análise detalhada das entrevistas que tivemos com a totalidade dos responsáveis pela operação", afirmou João Guerreiro.