Sociedade

Faltou liderança e experiência no combate ao incêndio de Pedrogão Grande

Miguel A. Lopes/ Lusa

O antigo comandante da Proteção Civil, José Manuel Moura, acredita que o fogo de Pedrogão poderia ter sido dominado durante as primeiras três horas e diz que faltou liderança e experiência.

Se o fogo de Pedrógão falasse teria dito: têm três horas para me apanhar, senão já não me apanham. É nestes termos que José Manuel Moura explica ao jornal "Expresso", que teria sido possível fazer melhor no combate inicial ao fogo de Pedrógão Grande.

José Manuel Moura garante que falhou tudo, sobretudo quem comandava as operações,devido à falta de preparação e conhecimento. Afirma mesmo que os bombeiros não sentiram uma liderança operacional no terreno.

O antigo comandante da Proteção Civil refere que o fenómeno 'downburst' que se viu em Pedrógão não é inédito. Já aconteceu no Caramulo e em Arouca no ano passado.

José Manuel Moura condena ainda a atitude da classe política durante o fogo de Pedrógão. A presença de políticos foi uma pressão extra para o comando. Moura refere mesmo que nas primeiras 20 horas do fogo de junho, o comandante nacional teve de fazer 11 briefings e perder tempo essencial para o combate do fogo.

Já nos incêndios de outubro, Moura lembra que as condições climatéricas eram muito difíceis e por isso a tutela devia ter valorizado mais o problema.

José Manuel Moura, foi o principal responsável pelas críticas do relatório da Comissão Técnica Independente à atuação da Proteção Civil nos incêndios de Pedrógão. Explica que aceitou fazer parte da equipa por imperativo de consciência e em memória das vítimas do fogo de Pedrógão Grande.