Com o quarto título de F1, deixou o ídolo Senna, Niki Lauda e Nelson Piquet para trás e imitou Alain Prost e Sebastian Vettel. Agora começa a viagem espacial em busca dos sete títulos de Schumacher.
"Eu conduzo da maneira que imagino que Senna conduzia. É o único modo que conheço"
Lewis Hamilton já é uma lenda do desporto automóvel. O britânico garantiu ontem o quarto Mundial de F1 da carreira, sentando-se na mesma mesa de Sebastian Vettel (2010, 2011, 2012, 2013) e Alain Prost (1985, 1986, 1989, 1993), que protagonizou um verdadeiro filme de Hollywood com a guerra com Ayrton Senna, o herói de Hamilton.
O britânico nunca escondeu, Senna era o seu céu. "Se eu tivesse que escolher uma era, eu gostaria de ter pilotado na época de Senna, em 1988, 1989. Os carros eram mais perigosos", disse aqui, em 2013, ao Globo Esporte. Hamilton, aliás, teve a oportunidade de se enfiar na máquina do tempo e experimentar o carro do brasileiro, em 89, em Silverstone. "Foi uma das melhores experiências que tive. Quando dei uma volta em Silverstone com aquele carro, senti a minha cabeça tão exposta e pensei: "Jesus, aqueles gajos..."
Em junho o piloto de F1 bateu um recorde especial: 65 pole positions, igualando Senna. A família do génio brasileiro até lhe enviou uma réplica do capacete de Ayrton para celebrar o momento. "Quando era miúdo eu pensava que talvez um dia iria conseguir chegar à Formula 1 e imitar Ayrton. Igualá-lo... eu nem sequer acredito nisto." Se aí imitou as 65 poles, agora ultrapassou os três títulos de campeão do mundo de Senna (1988, 1990, 1991). Com três títulos, ficaram igualmente para trás craques como Nelson Piquet (1981, 1983, 1987), Niki Lauda (1975, 1977, 1984), Jackie Stewart (1969, 1971, 1973) e Jack Brabham (1959, 1960, 1966).
"Quatro é um grande número. Agora quero o cinco", disse Hamilton após a corrida de domingo no México. E o número cinco significaria igualar outro monstro sagrado do volante: Juan Manuel Fangio (1951, 1954, 1955, 1956, 1957). O piloto argentino somou esses canecos com Alfa Romeo, Maseratti, Mercedes e Ferrari. Acima de "El Chueco", só um: Michael Schumacher. O alemão venceu o Mundial de F1 sete vezes. Sete: 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004.
Se Hamilton continuar a pilotar assim, em 2020 poderá sentar-se na mesma mesa do alemão implacável na pista, lá ao fundo do bar, sem luz, com uma música antiga a tocar.