O Nobel português usava e abusava de provérbios que via como "fórmulas de sabedoria condensada para uso imediato e efeito rápido como os purgantes".
O professor Filipe Pires começou por analisar O Memorial do Convento, para as aulas em que a obra de José Saramago é de leitura obrigatória.
Foi com a história de Baltasar e Blimunda que Filipe se encantou pelo mundo dos provérbios que o Nobel português "usa à sua medida".
De acordo com o próprio Saramago, "sem a bengala dos provérbios não teria chegado a ser escritor".
Do Memorial do Convento aos Ensaios sobre a cegueira ou sobre a lucidez, A história do Cerco de Lisboa ou o Ano da Morte de Ricardo Reis, são mais que muitos os provérbios nos livros de Saramago.
Filipe Pires lembra como escrevia José Saramago: as palavras têm de puxar uma pelas outras. E puxar pela imaginação, reformulando, com sentido crítico ou sarcástico. "Com os pensamentos, todo o cuidado é pouco", alertava o Nobel português, que dizia também "não sou eu quem joga com as palavras, são elas que jogam comigo".