A renovação da licença do uso de glifosato não conseguiu aprovação, esta quinta-feira, em Bruxelas. Portugal é o país europeu que mais usa este herbicida.
Os representantes dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE) voltaram esta quinta-feira a falhar um acordo sobre a renovação da licença de glifosato e o tema será apresentado ao comité de recurso, disse à agência Lusa fonte da Comissão Europeia.
"A maioria dos Estados-membros (14) apoiou a proposta da Comissão, tendo havido nove votos contra e cinco abstenções" na reunião de peritos do Comité Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Animal, segundo a mesma fonte, não tendo, mais uma vez, havido uma maioria qualificada.
Portugal optou por abster-se durante a votação em Bruxelas.
Bruxelas apresentou uma proposta de renovação da licença de uso do herbicida glifosato por cinco anos, após o tema ter sido debatido no Colégio de Comissários na quarta-feira.
A licença para o uso de glifosato expira a 15 de dezembro. A proposta rejeitada esta quinta-feira deverá agora ser apresentada no final deste mês perante o comité de recurso, uma instância destinada a apoiar a tomada de decisões em casos sensíveis e problemáticos.
Os ambientalistas dizem que Portugal é o país europeu onde mais se usa o glifosato e apresentam um estudo acabado de publicar por uma equipa internacional de investigadores na revista académica "Science of the Total Environment" que encontrou níveis elevadíssimos de glifosato nas amostras recolhidas em solos agrícolas portugueses.
O herbicida está classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como provável causador de cancro nos humanos.
Contactado pela TSF, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural lembra que a lei portuguesa prevê a proibição do uso do glifosato em espaços públicos.
A proibição não abrange a agricultura, mas o gabinete do ministro Capoulas Santos recorda que, no caso dos campos agrícolas, o herbicida tem de se aplicado por pessoas com formação específica para o efeito e certificadas pelo ministério.
Notícia atualizada às 13h15, com a reação do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural