Carlos César disse, na TSF, que acredita que o Governo vai chegar acordo com os docentes sobre o descongelamento das carreiras, mas que a medida não pode interferir nas contas do Estado.
O líder parlamentar do PS, Carlos César, afirmou esta quarta-feira, no programa da TSF "Almoços Grátis", que espera um acordo entre o Governo e os sindicatos dos professores em relação ao descongelamento das carreiras, mas sublinha que o equilíbrio orçamental é a prioridade do executivo.
Os professores estão, esta quarta-feira, em greve nacional, pela contabilização de todo o tempo de serviço efetuado, para efeitos na progressão das carreiras, congeladas há vários anos.
"É evidente que a reparação dessa situação de desvantagem é sempre um ato de justiça", admitiu Carlos César, mas sublinhando que "é preciso ponderar a sustentabilidade do processo".
O líder parlamentar socialista lembrou que já foi anunciado pelo primeiro-ministro que o imediato "descongelamento e retroação de todos os efeitos" teria um impacto nas contas públicas de "650 milhões de euros".
Carlos César reafirmou que o Governo "não prescinde do equilíbrio das contas públicas" e que a procura de uma "solução sustentável" é um "ato de responsabilidade.
O socialista apela, por isso, à "consciência" dos sindicatos.
"As estruturas sindicais admitem a introdução de parcialidade e de gradualidade [no processo de descongelamento da carreira docente] e, portanto, é nessa base que as negociações que são retomadas amanhã [quinta-feira] estarão a ser desenvolvidas", disse. "Os sindicatos têm consciência, muita consciência, do que está em causa".
Sobre a possibilidade de as negociações terminarem com um acordo entre Governo e sindicatos, Carlos César mostra-se otimista: "Acredito que vamos lá chegar".
O líder parlamentar do PS vai mais longe e defende que nos próximos encontros entre professores e governo, mais do que a "recuperação do tempo perdido", deve estar em causa "toda a regulamentação e regime específico" da carreira docente.
Protestos por um bom motivo?
Quando confrontado, nos "Almoços Grátis" da TSF, pelo social-democrata Luís Montenegro acerca de "um choque" entre as promessas feitas pelo executivo socialista e "a realidade", Carlos César respondeu que "verdadeiramente chocados estavam os portugueses" com o governo PSD-CDS.
"Não deixa de ser interessante que esta tensão laboral ocorre não porque o governo tenha decidido manter o congelamento dessas progressões, que já vinha de trás, mas exatamente por ter descongelado", notou, "por causa de uma boa medida, que não repara por inteiro uma injustiça já praticada, é que essa tensão existe".
"Agora o choque é até onde vão os benefícios, é um choque muito agradável", concluiu.