Ambiente

Investigadores portugueses recebem 100 mil euros para estudar raias e tubarões

Nuno Sá

Três projetos científicos de investigação e sensibilização vão ser aplicados nos Açores, nas Berlengas e junto das comunidades de pescadores e da população portuguesa.

O Oceanário de Lisboa e a Fundação Oceano Azul distribuíram esta quinta-feira um fundo de 100 mil euros por três projetos nacionais, para investigação e aprofundamento do conhecimento científico sobre raias e tubarões, duas espécies consideradas vulneráveis.

A Universidade dos Açores, o Observatório do Mar dos Açores e o MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente foram os vencedores da primeira edição do Fundo para a Conservação dos Oceanos, ao qual concorreram 23 projetos.

O maior financiamento (49 mil euros) foi atribuído ao projeto "Find Ray Shark", do MARE, que pretende aplicar tecnologias inovadoras no estudo das espécies. Uma equipa liderada por Sofia Henriques, tem como objetivo utilizar técnicas "não invasivas" de vídeo remoto subaquático com isco e de recolha de ADN através de amostras de água "que canalizam restos das espécies" como excrementos e escamas dos tubarões e raias. O estudo será aplicado nas ilhas Berlengas, "uma área com elevado potencial para ter estas espécies mas que pouco se conhece".

O MARE recebeu ainda 27 mil euros para aplicar o projeto "Shark Attract" que visa analisar a pesca de tubarões e raias em Portugal, identificando formas de reduzir a mortalidade e sensibilizando as comunidades de pescadores.

O investigador Henrique Cabral explica que serão também desenvolvidas ações junto de escolas e da população em geral para "garantir que as pessoas mudam comportamentos e atitudes" face a estas espécies. "Há ainda muita falta de conhecimento. Muitas vezes as pessoas admiram-se da existência de raias e tubarões em Portugal", sublinha.

O terceiro projeto premiado (com 24 mil euros) é da autoria conjunta da Universidade dos Açores e do Observatório do Mar dos Açores. O estudo "Island Shark" vai analisar espécies migratórias de tubarões como o cação e o tubarão-martelo que dependem de habitats costeiros para se reproduzirem. "Estudar e perceber qual a importância destes habitats que temos à volta dos Açores" é o principal objetivo da equipa à qual pertence a investigadora Ana Filipa Sobral.

Calcula-se que existam no mundo cerca de mil espécies de raias e tubarões, peixes cartilagíneos muito procurados pela pesca e que têm crescimento lento, maturidade sexual tardia e baixo número de descendentes.

"Queremos continuar a contribuir cada vez mais para a conservação dos oceanos, tendo connosco universidades, população e a componente politica", enfatizou o administrador do Oceanário de Lisboa, João Falcato defendendo que "só com o envolvimento de todos será possível" preservar os oceanos.

O administrador garante que no próximo ano vai realizar-se a segunda edição do Fundo para a Conservação dos Oceanos, seguindo-se agora a fase de análise das necessidades mais prementes e escolha dos temas que serão contemplados no concurso de 2018.