Economia

Geringonça "não está desgastada e está cada vez mais coesa"

Orlando Almeida/Global Imagens

Em entrevista ao programa A Vida do Dinheiro, Pedro Nuno Santos, diz que a maioria está cada vez mais coesa e sem sinais de desgaste.

É esta a avaliação que Pedro Nuno Santos faz da "geringonça". O Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares explica que os partidos que foram a atual maioria nunca trabalharam tão bem como agora e acredita que será assim até ao fim da legislatura.

Dois anos passados desde a formação do Governo, esta maioria ou esta solução é hoje mais coesa ou já tem alguns sinais de desgaste? Não vale a pena recordarmos o episódio da taxa sobre as empresas de energias renováveis...

Já tivemos divergências maiores que essa.

Exatamente, nem vale a pena irmos a esse assunto. É hoje mais coeso ou está hoje já mais desgastado em virtude das divergências que houve até hoje?

Não está nada mais desgastado. Temos uma maioria que consegue trabalhar hoje melhor do que há dois anos, na medida em que se conhece melhor, ganhou-se confiança, métodos e procedimentos de trabalho e, por isso, hoje estamos muito mais coesos do que estávamos há dois anos. E por mais que se especule com 2019, continuará assim até 2019, com cada partido a afirmar as suas diferenças.

Tem sido assim desde sempre e continuará a ser. Julgo que o PCP e o BE estão a passar uma grande mensagem ao CDS: é possível estar numa maioria sem se anular e isso é um grande contributo para a democracia parlamentar.

Mesmo havendo mais protestos na rua, sente que houve de facto uma mudança de ciclo como o PR antecipava, depois das autárquicas?

Diria que depois das últimas legislativas. Hoje temos protestos de caráter diferente do que tínhamos antes. Hoje falamos de greve em contexto de avanço social, de conquista de direitos, no quadro de um Governo que ouve os trabalhadores e os seus representantes e negoceia com eles. Temos os trabalhadores a acreditar que é possível e, portanto, a exigir, num quadro de abertura que não havia antes.

Encaramos os protestos e as manifestações com a naturalidade de quem respeita a democracia, o direito a exigir e a reivindicar, que é assim que deve ser uma democracia madura. Temos menos greves e manifestações do que tinha o Governo anterior, portanto não nos confundamos, mas acontece que hoje são feitas neste ambiente de avanço e com um Governo que os ouve e isso é uma grande diferença. Não acho que tenha começado a seguir às autárquicas...

Não notou nenhuma diferença depois das autárquicas?

Não, não notei e eu trabalho diariamente com o PCP, o BE e Os Verdes e posso dizer que não notei nenhuma diferença na relação com os parceiros.

Mas admite que a postura possa ser uma dentro de portas e outra fora de portas?

Estamos desde o início desta maioria à procura de dissonância, de divisões, de diferenças, de sinais...

Isso é a história da política...

Certo. Mesmo na maioria anterior. O CDS fazia chegar, era diferente porque nós conhecíamos as divergências do CDS através de fugas, houve uma fuga que o CDS estaria contra esta medida ou bloqueou esta medida. Agora não, agora é aberto. O PCP e o BE não fazem fugas, dizem abertamente quando não concordam.

A entrevista a Pedro Nuno Santos vai para o ar este sábado, às 13h, na TSF. É também publicada na edição em papel do Dinheiro Vivo deste sábado, que sai com o Diário de Notícias e com o Jornal de Notícias.