Madalena Mayer Resende, investigadora do Instituto de Relações Internacionais, entrevistada pela TSF, diz que o acordo de coligação de governo na Áustria pode ter impacto na democracia do país.
Madalena Mayer Resende, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), explicou na TSF que ter um partido de extrema-direita no poder, aproxima a Áustria de países como a Polónia, Hungria, Eslováquia e República Checa, acrescentando que "isso não pode ser visto como uma evolução positiva por parte dos austríacos que sejam a favor da democracia e da integração com a Europa Ocidental".
O Partido da Liberdade garantiu as pastas dos Negócios Estrangeiros, Administração Interna e Defesa mas Madalena Mayer Resende salienta que o chefe de governo austríaco está a tentar salvaguardar as relações europeias.
"O que parece estar a acontecer também é que na sequência de dar estes ministérios ao Partido da Liberdade, está a mudar departamentos que têm a ver com as questões europeias para a chancelaria. Está a tentar limitar os estragos que possam ser feitos a nível da política europeia, para pô-los sob o seu controlo e não à mercê das políticas do partido da liberdade", referiu.
O partido ultranacionalista já anunciou que não vai exigir um referendo para a saída do país da União Europeia. A investigadora ressalva que "são boas notícias para a Europa" porque repetir um segundo Brexit seria uma "dinâmica extremamente perigosa" para a estabilidade na União Europeia.
A nível de políticas de migração, Mayer Resende acredita que possa haver mudanças na legislação, "ou seja, pode tornar-se mais restrita ainda a legislação sobre quem pede estatuto de refugiado".
A nível das fronteiras, a Áustria pode passar a ser um país "que vai fazer um lóbi mais forte [na União Europeia] em relação a essa política. É provável que a Áustria, também como país charneira, se torne uma espécie de hardliner nesse género de políticas de tornar cada vez mais a Europa uma fortaleza e um país fechado aos migrantes".