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Da Cidade Jardim ao Jardim Varginha. Realidades paralelas numa megalópole

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Escola americana de luxo lança primeira unidade fora dos EUA com mensalidades a 2500 euros na mesma São Paulo em que, numa escola pública, metade dos professores não têm habilitação.

Os nomes dos bairros são parecidos: Cidade Jardim e Jardim Varginha. Um e outro situam-se em São Paulo, a uma hora de distância de carro, o que é considerado relativamente perto numa megalópole que se estende numa área de Lisboa a Leiria e onde muitos dos seus habitantes gastam quatro a seis horas no trânsito todos os dias.

Uma notícia recente agitou os habitantes da Cidade Jardim: é lá que a escola Avenues: The World School, fundada em Nova Iorque, em 2012, vai abrir a sua segunda unidade no mundo. Com mais de 30 mil metros quadrados, capacidade para 2100 alunos do ensino infantil e médio e 300 profissionais, o projeto arquitetónico, assinado pelo exclusivo escritório Aflalo-Gasperini, é sustentável, com espaço para atividades ao ar livre e integração entre os alunos das diferentes turmas.

As mensalidades são em torno de 2500 euros, fora taxas adicionais para gastos extras em material escolar ou excursões. Apesar do preço, mais de 3000 alunos já estão em lista de espera para se inscrever na unidade quase mil acima da capacidade da escola.

Outra notícia, agitou Jardim Varginha: a escola pública Sergio Raduan foi presenteada com 28 computadores. Mas antes de serem sequer ligados à internet, os aparelhos foram roubados num dos quase 1700 roubos e furtos à escola, em 2017.

Considerada a pior da cidade, só menos de metade dos professores da escola têm formação adequada; um em cada cinco alunos, muitos deles filhos de reclusos, chumba; a taxa de abandono escolar é de 6,5%.

O Brasil, de 128 economias analisadas pela Organização das Nações Unidas, foi considerado o mais desigual, num estudo realizado de março do ano passado. A distância entre Cidade Jardim e o Jardim Varginha, considerada relativamente curta, não para de aumentar.

O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da Rádio a crónica Acontece no Brasil.