O socialista João Cravinho considera que cabe ao Estado português exercer pressão sobre a União Europeia, para acabar com as situações de "dumping social" no mercado global.
João Cravinho defende que o Governo português deve pressionar a Comissão Europeia para acabar com o dumping social. No espaço de comentário semanal na TSF, "A Opinião", o socialista apontou os recentes casos de encerramento das fábricas da Triumph, em Loures, e da Ricon, em Vila Nova de Famalicão, para falar num agravamento escandaloso dos direitos dos trabalhadores.
O antigo ministro do Planeamento referiu os perigos desta face já velha da globalização que é "a deslocalização da produção e de postos de trabalho para a Ásia, com o encerramento de fábricas e o despedimento de trabalhadores em Portugal".
João Cravinho reconhece que é uma consequência do mercado global que as economias emergentes asiáticas apresentem custos de trabalho inferiores, mas que "isso reflete-se num agravamento realmente escandaloso das condições de concorrência", devido ao "dumping social".
"Os países que entram neste tipo de transações têm obrigação de respeitar as convenções da Organização Internacional do Trabalho sobre direitos sindicais e condições de trabalho", afirmou o socialista, notando que estes direitos não são, muitas vezes, respeitados. "Pelo contrário, esmagam esses poderes de defesa de interesses dos trabalhadores e exploram-nos".
Recordando que a competência de regular o comércio internacional pertence à Comissão Europeia e não ao Estado português, singularmente, João Cravinho considera, no entanto, que cabe a Portugal exercer pressão sobre a Europa para corrigir as situações.
"Portugal, Estado-membro da União Europeia, tem de - com outros Estados-membros e a colaboração da Organização Internacional do Trabalho - constituir dossiês bem documentados, de modo a que a Comissão Europeia possa (...) intervir nas instâncias internacionais e obrigar à normalização do quadro internacional das relações", defendeu.