Depois de João Galamba e Augusto Santos Silva terem dito que não há qualquer compromisso com aumentos, o líder parlamentar do PS defende que "não estamos em altura de dizer isso ou o contrário".
"Se os senhores [jornalistas] querem sangue, procurem outra arena". Foi assim que Carlos César terminou, no parlamento, as declarações aos jornalistas, no final da reunião do grupo parlamentar, reagindo às palavras do porta-voz do PS, João Galamba, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que, nos últimos dias, vieram a público admitir que dificilmente 2019 será um ano de aumentos salariais para os funcionários públicos.
Em entrevista à TSF, João Galamba afirmou que "2018 e 2019 serão anos em que o descongelamento das carreiras irá produzir efeito, também faseado" e que "dificilmente poderá haver em cima disto aumentos salariais em 2019", já Augusto Santos Silva afirmou, esta quinta-feira, em entrevista ao jornal francês Les Echo, que "não nos comprometemos com qualquer aumento até 2019 e não iremos desviar-nos [desse compromisso]".
Ora, confrontado com estas palavras, o líder da bancada do PS pede algum recato no momento de comentar aumentos ou congelamentos salariais que só se verificam no próximo ano.
"O que é certo é que em 2019 essa matéria será objeto de decisão oportuna. Não estamos numa altura em que se possa dizer isso ou o contrário com todo o grau de certeza", disse, acrescentando: "O que eu acho é que uma declaração sobre essa matéria pode ser precipitada".
Perante a insistência dos jornalistas a uma reação de Carlos César às declarações de Augusto Santos Silva, atual número dois do Governo liderado por António Costa, o líder do grupo parlamentar socialista respondeu: "Eu já disse o que tinha a dizer. Não estou a criticar ninguém. Se querem sangue procurem outra arena".
PCP avisa para "divergências insanáveis". César diz que "confluência" é maior com esquerda do que com PSD e CDS-PP
"O PS tem divergências com o PCP, como tem com os restantes partidos. Mas, a verdade é que, na atual fase do país e em torno do projeto governativo, há uma confluência muito maior do PS com o PCP, BE e PEV do que com o PSD e com o CDS-PP", afirmou Carlos César.
O líder da bancada socialista respondeu assim às declarações do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que, em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, disse que há um "saldo positivo em relação aos avanços", mas que não esconde nem cala "as contradições que atualmente existem [com o Governo liderado pelo PS] e que um dia podem tornar-se insanáveis".
No final da reunião do grupo parlamentar do PS, Carlos César defendeu ainda que o PCP é "poderoso" e "influente" dentro da atual maioria de esquerda, salientando "a capacidade de consensualização em torno de matérias fundamentais com o PCP, BE e PEV", contudo, sublinha, apesar dos socialistas terem "beneficiado muito" com a "contribuição" do PCP, tal "nunca significará que o PS se confunda com o PCP ou que tenhamos sobre todas as matérias as mesmas posições".