Os jogadores do Boavista anunciaram, esta terça-feira, que vão fazer greve no jogo da 27ª jornada da Liga portuguesa de futebol, em casa com o Nacional, caso não seja regularizada a sua situação salarial. Os atletas garantem que só esperam até dia 18 para que os problemas de ordenado sejam resolvidos.
A decisão foi anunciada no Porto, após uma reunião com o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, que ainda esta a semana deverá entregar um pré-aviso de greve no Tribunal do Trabalho, respeitando a antecedência de cinco dias úteis.
Joaquim Evangelista, presidente do sindicato, pediu uma intervenção rápida do presidente da Federação e da Liga.
«O dr Hermínio Loureiro tem responsabilidades, não pode apenas estar a pensar na Taça da Liga, há outros problemas a montante que são mais importantes. O dr Madaíl que é o responsável máximo do futebol português também tem que dar a cara. Não pode andar só a falar sobre o euro, mas mais importante é defender as competições e os futebolistas nacionais», disse.
A 27ª jornada está marcada para 20 de Abril, mas antes o Boavista visita o Vitória de Guimarães, no próximo sábado.
Os jogadores do Boavista podem entrar desta forma para a história como protagonistas da primeira greve do futebol profissional português no regime democrático, caso concretizem a ameaça.
Por ainda não lhes ter sido pago a totalidade dos ordenados de Fevereiro e Março e 60 por cento do de Dezembro, os futebolistas do Boavista anunciaram uma greve para o jogo no Estádio do Bessa com o Nacional, da 27ª jornada da Liga, agendada para 20 de Abril.
O encontro do próximo sábado no terreno do Vitória de Guimarães não pode ser objecto de greve, uma vez que o pré-aviso tem que dar entrada no Tribunal do Trabalho com cinco dias úteis de antecedência.
Em temporadas anteriores, Vitória de Setúbal, Portimonense, Farense e Ovarense também se confrontaram com intenções de greve pelos mesmos motivos, mas nenhuma delas chegou a ser concretizada.
«Ameaças, sim, já houve várias», sublinhou o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
Joaquim Evangelista lembra-se apenas de ouvir falar de uma acção grevista anterior ao 25 de Abril de 1974, referindo-se ao sucedido em Maio de 1962, quando a Académica faltou ao jogo com o Beira-Mar, em Aveiro, solidária com a luta da Associação Académica da Universidade de Coimbra.
O dirigente sindical participou na reunião, efectuada no Bessa Hotel, no Porto, em que o plantel profissional do Boavista tomou a «decisão unânime» de ir para a greve, por incumprimento salarial.
No Estrela da Amadora, igualmente com graves problemas financeiros, a ameaça de greve está latente desde há semanas, mas jogadores têm adiado uma de posição drástica e esperam receber hoje os seus ordenados.
O Vitória de Setúbal enfrentou uma situação idêntica na época passada, bem como em Dezembro de 2005. Na altura, foi também Joaquim Evangelista quem anunciou a «convocação de uma greve» por incumprimento salarial.
O que não é novo é o problema dos salários em atraso no futebol, nem no Boavista nem em grande parte das equipas profissionais. O presidente do SJPF reafirmou também hoje que o problema atinge «mais de metade» dessas equipas.
Evangelista recusou revelar quais são os outros clubes infractores, prometendo fazê-lo «no final do campeonato», mas, segundo o líder sindical, o Boavista não é o caso pior, porque há equipas em que os jogadores não recebem «há cinco meses».