O suíço Roger Federer qualificou-se, este sábado, para a primeira final do ano e discute domingo o título do 19º Estoril Open em ténis, no Estádio Nacional, em Lisboa, frente ao campeão de 2003, o russo Nikolay Davydenko.
No historial do torneio, será a segunda vez que final será jogada entre o primeiro e segundo cabeças de série, depois de, em 2006, Davydenko (primeiro) e David Nalbandian (segundo) se terem defrontado para a atribuição do título, então com vitória do argentino.
O "central" do Jamor esgotou para ver o número um mundial vencer pela quarta vez. Federer cedeu um "set" (o segundo em todo o torneio), mas "carimbou" a vitória em 1:32 horas, virando o marcador de um desaire na primeira partida, por 2-6, para triunfar nas seguintes, por 7-5 e 6-1.
O helvético entrou de forma apática, um pouco como o tempo -- nublado e com vento -, denotando falta de eficácia no serviço e dificuldades de adaptação ao facto de defrontar um esquerdino, mas progressivamente, quando o sol irrompeu no céu do Jamor, Federer ganhou confiança e melhorou no saque, terminando o encontro com a bela soma de 10 ases, para 3 de Gremelmayr.
«Foi adversário duro. Surpreendeu-me um pouco. É sempre difícil jogar com um esquerdino. Tive de batalhar muito», afirmou Federer, que se mostrou satisfeito com a forma como actuou em Lisboa: «Estou mais confiante, a mover-me melhor. Foi para isso que vim aqui. Estou muito feliz com esta semana».
O alemão, da mesma idade de Federer, mas 103 lugares abaixo no "ranking" ATP, ainda deu uma bela réplica no segundo "set", recuperando de 5-2 para 5-5, antes de Federer aplicar o "correctivo", somando dois jogos sem resposta sem perder qualquer ponto.
«Penso que joguei bem ao longo de todo o torneio. Hoje não esteve em campo o melhor Gremelmayr, mas penso que ele continua a ser o número um (mundial). É um grande jogador...», desabafou o alemão, um jogador que este ano tinha como melhor resultado a presença nos quartos-de-final do "challenger" de Waikoloa.
Aparentemente, Federer pode estar em vias de somar o 54º título de singulares e encontrar no Jamor, juntamente com o técnico espanhol José Higueras, a confiança para encarar com optimismo a temporada de terra batida e a conquista do primeiro título em Roland Garros.
«Cada título é especial. Concluir um torneio com um título é sempre bom, sobretudo em terra batida», referiu, aproveitando o momento para confirmar que continuará a colaborar com o Higueras em Montecarlo, naquele que será o grande «teste» à continuação da colaboração entre ambos, numa equipa à qual se soma o também suíço Severin Luthi.
Sobre o encontro frente a Davydenko, frente a quem continua com o pleno de vitórias (11-0) Federer foi peremptório: «Sei que é um grande jogador e por isso só tenho razões para estar muito contente pelo meu historial (de confrontos directos) com ele».
O russo, recente vencedor do Master Series de Miami, demonstrou, aliás, que se encontra num excelente momento de forma, batendo o francês Florent Serra (101º ATP), "carrasco" do português Rui Machado na segunda ronda, por duplo 6-2.
Um jogo praticamente sem história, com Davydenko a sofrer apenas uma quebra de serviço - para cinco "breaks" no serviço de Serra -, que valeu pelo dramatismo do quarto jogo do segundo "set", quando o russo salvou quatro "break-points" e embalou para a vitória.
Em relação ao jogo da final, frente ao número um mundial, Davydenko não se mostrou atemorizado. «É a mesma questão que me colocaram quando joguei com o Roddick e com o Nadal. Não quero pensar muito nisso. Quero apenas jogar e fazer o meu melhor. Vai depender de quem estiver melhor amanhã (domingo) física e mentalmente», afirmou.
Para já, o russo garante que terá três fãs muito especiais na bancada domingo, ironizando: «Vão lá estar o meu irmão, a minha cunhada e o meu sobrinho. Três contra todo o estádio já será bom».
No final do encontro entre Federer e Gremelmayr, o director do torneio, João Lagos, entregou ao helvético um cheque de 50.000 euros destinados à Fundação Roger Federer, instituição que apoia as crianças desprotegidas da África do Sul.
O dia ficou ainda marcado por um novo recorde de assistência do torneio, com 7.197 espectadores, o melhor sábado de sempre.