O deputado do PCP Honório Novo acusou esta quinta-feira o governador do Banco de Portugal (BdP) de ter «subliminarmente» mudado de posição quanto aos efeitos da crise financeira na economia portuguesa.
Numa carta enviada hoje a Vítor Constâncio, o deputado exige resposta a algumas perguntas feitas ao governador, na comissão de Economia e Finanças de 18 de Janeiro, centrada no caso BCP, mas que ficaram sem resposta.
Na comissão, lembra Honório Novo na carta, Constâncio referiu-se «brevemente» e «de forma genérica» às «preocupações acrescidas» da parte do Banco de Portugal quanto «à crise financeira e suas repercussões na economia em Portugal» -- motivo central que levou a bancada comunista a pedir a audição do governador em comissão.
Três dias mais tarde, já depois da queda bolsista recorde nas bolsas asiáticas e europeias, o deputado considera que Constâncio falou na questão para «subliminarmente modificar o que tinha dito em 18 de Janeiro».
Honório Novo recorda que Vítor Constâncio «referiu que por causa da evolução (negativa) da crise financeira o Banco de Portugal tinha revisto em baixa as suas perspectivas económicas».
O parlamentar comunista quer saber se o governador mantém a sua avaliação quanto à reacção da economia portuguesa depois de ter sido noticiado que os bancos portugueses estavam a ser «arrastados» pela crise, tendo perdido
quase 4 mil milhões de euros em bolsa desde o início do ano.
Honório Novo quer igualmente saber se, conforme anunciado, já foi revista a «regulação relativa aos termos da comercialização de produtos financeiros complexos» e o regulamento das agências de «rating».
«São estas respostas -- concretas e objectivas -- permitindo avaliar a real evolução da posição do Banco de Portugal sobre a crise financeira e suas repercussões na economia», escreve Honório Novo na carta a Vítor Constâncio.