Bagão Félix disse, esta sexta-feira à TSF, acreditar que a taxa de desemprego do último trimestre de 2007 registe uma ligeira diminuição e acusou José Sócrates de criar um «artifício estatístico» ao falar apenas da criação de emprego.
O ex-ministro das Finanças, Bagão Félix, disse acreditar que a taxa de desemprego do último trimestre de 2007, que será divulgada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), registe uma ligeira redução.
Em declarações à TSF, o antigo titular da pasta das Finanças disse que o aumento da «saída de portugueses de Portugal para o estrangeiro para procurar emprego» é suficiente para «diminuir a população activa portuguesa», o que «leva a que haja menor pressão sobre a taxa de desemprego».
«Por outro lado, estamos a falar da taxa de desemprego relativa ao último trimestre de 2007, onde normalmente há uma aceleração de economia, pela circunstância de o consumo privado aumentar», logo, «é natural que sazonalmente haja alguma tendência favorável na taxa de desemprego», acrescentou.
O social-democrata acusou ainda o primeiro-ministro de, ao ter referido esta quinta-feira que nos últimos dois anos foram criados 100 mil postos de trabalho, «falar apenas numa face da moeda», usando «a relativa ignorância das pessoas que o escutam».
Para Bagão Félix, que no passado já tinha acusado o Governo de manipular os dados sobre o desemprego, José Sócrates está a criar um «artifício estatístico», porque devia ter em conta o «saldo liquido» entre criação e destruição de emprego.
«Obviamente que aumentando a taxa de desemprego - como nunca aumentou nos últimos 21 anos -, os empregos que se destroem são superiores àqueles que se criam», frisou.
Por seu lado, Luís Bento, professor da Universidade Autónoma, disse à TSF estar convicto de que o desemprego ainda não estancou.
«Ainda vamos ter um período de crescimento durante o primeiro semestre de 2008, o que é uma situação atípica, porque tendo em atenção o comportamento normal da economia, quando se atingem taxas de crescimento do produto como a registada, de 21, 9 por cento em 2007, o que seria natural era uma grande recuperação do emprego», disse.
No entanto, acrescentou Luís Bento, as assimetrias da economia portuguesa «têm vindo a revelar que está a ser cada vez mais difícil que o crescimento económico arraste a criação de emprego».