O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, afirmou, esta sexta-feira, que o primeiro-ministro «devia ter pudor» nos festejos de um crescimento económico «incipiente», numa altura em que Portugal tem «o pior desemprego» das últimas duas décadas.
«O primeiro-ministro devia ter um pouco de pudor, sabendo do sofrimento de 450 mil portugueses (que estão desempregados)», afirmou Menezes, criticando a «festa absurda» que José Sócrates fez quinta-feira ao saber os resultados do crescimento económico, em 2007.
O presidente do PSD, que falava aos jornalistas em Gaia, comentava os dados hoje divulgados pelo INE, que apontam para um agravamento de 0,3 por cento na taxa de desemprego no ano passado, fixando-se no final de Dezembro em oito por cento.
«Desde 1986 que não tínhamos um desemprego tão alto, foi preciso ir buscar um primeiro-ministro como José Sócrates para termos o maior desemprego em 21 anos, o terceiro maior da União Europeia e o maior crescimento de desemprego na União Europeia no último ano», frisou Menezes.
«Três anos de governo, com tanto desemprego, tanta baixa de poder de compra e o primeiro-ministro a fazer festas para anunciar 0,1 por cento de crescimento económico a mais», criticou o presidente do PSD.
Na perspectiva de Menezes, «é quase ridículo [o crescimento económico registado em Portugal] com as condições políticas que o primeiro-ministro teve», especificando que se referia a condições como «uma maioria absoluta, um Presidente da República colaborante e uma conjuntura económica favorável, com os nossos principais parceiros comerciais em crescimento vigoroso».
«Qualquer português médio asseguraria este crescimento», considerou Luís Filipe Menezes, numa alusão ao crescimento de 1,9 por cento registado em 2007, que representa 0,1 a mais do que as previsões do Governo.
Menezes recordou que «os portugueses andam há nove anos a perder poder de compra» e criticou o facto do primeiro-ministro entender que os portugueses estão melhor «porque antes comiam um quarto de bife e agora comem meio bife».
«Porque é que o primeiro-ministro não fala do poder de compra dos trabalhadores, das assimetrias entre o interior e o litoral, dos portugueses que vivem no limiar da pobreza?», questionou Menezes, que também criticou José Sócrates pela indignação manifestada no Parlamento na sequência de perguntas de deputados do PSD.
«Quando um primeiro-ministro se começa a indignar a propósito de tudo e de nada, significa que já não tem nada para dizer», afirmou Menezes, defendendo que «está na altura de mudar».
Para o líder social-democrata, Portugal precisa de «investimento para ter crescimento e emprego, o que implica confiança, outra politica fiscal, paz e tranquilidade social para que as pessoas não tenham medo que feche o centro de saúde ou a escola», afirmou.
«Agora o governo quer fechar os tribunais, que, em muitos locais do interior, são o único garante da presença do estado», acrescentou.