A Agência Internacional da Energia (AIE) reviu em baixa, pelo segundo mês consecutivo, a sua previsão de procura de petróleo em 2008, por causa do abrandamento económico nos países industrializados, em particular nos Estados Unidos.
No seu relatório mensal hoje publicado, a AEI considera por outro lado que os preços elevados do petróleo, a estabelecer sucessivos recordes há uma semana, vão manter-se e pede novamente à OPEP que aumente a sua oferta para permitir uma reconstituição mais rápida dos stocks.
A Agência, que defende os interesses energéticos dos países industrializados, aponta doravante para uma procura de 87,5 milhões de barris por dia, o que representa uma progressão de 2 por cento no ano, contra 87,6 milhões de barris dia no relatório do mês anterior.
A oferta mundial de petróleo aumentou por outro lado em 185.000 barris/dia (mbd) para 87,5 milhões de mbd em Fevereiro.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) produziu em contrapartida menos 120.000 barris/dia em Fevereiro para a 32,1 mbd (face a uma produção revista em alta para Janeiro).
Oferta aumenta depois de decrescer
Contando com a manutenção das quotas de produção da OPEP em 29,67 milhões de barris/dia (fora Iraque), decidida na reunião ministerial de 5 de Março, e com uma produção estável no Iraque, a AIE calcula que a oferta mundial será inferior em 0,56 milhões de barris/dia no primeiro trimestre, mas superior em 0,96 mbd no segundo trimestre.
A AEI defende portanto um aumento da produção da OPEP no primeiro trimestre para responder à procura.
Comentando os preços do crude, que ultrapassaram a barra dos 108 dólares o barril pela primeira vez segunda-feira em Nova Iorque, a AIE sublinha que «estamos numa era de preços petrolíferos elevados e que (...) estes têm poucas possibilidades de regressar aos níveis do início da década».
Referindo-se às declarações recentes do ministro saudita do Petróleo, Ali al-Nouaïmi, segundo as quais o barril de crude não voltaria a cair abaixo dos 60 dólares o barril devido ao custo das energias alternativas, o relatório frisa que «só uma recessão mundial severa justificaria uma baixa duradoura dos preços petrolíferos abaixo deste nível».