economia

Caso BCP foi alvo de «óbvio aproveitamento político»

Jardim Gonçalves considerou, numa entrevista com várias condições, que o BCP foi alvo de um «óbvio aproveitamento político» e mostrou-se surpreendido com as críticas públicas do ministro das Finanças à instituição.

Jardim Gonçalves considerou que o BCP, envolvido numa crise de liderança e em investigações por parte das entidades supervisoras devido a operações suspeitas, foi alvo de um «óbvio aproveitamento político».

Numa entrevista ao jornal Público desta segunda-feira, que concedeu com a condição de dar as respostas por escrito e exigindo que as mesmas fossem publicadas na integra, sem a habitual edição jornalística, Jardim Gonçalves quebrou o silêncio após a saída do banco que fundou.

O ex-líder do BCP considerou que «havia um ambiente de grande excitação mediática (que foi alimentado propositadamente)» em torno dos problemas no banco, confessando que algumas reacções o «entristeceram».

Sem preferir falar no papel das autoridades, o ex-líder do BCP mostrou-se surpreendido com as críticas públicas do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que acusou o banco de «delinear uma operação bem montada e bem urdida para escapar ao controlo das autoridades».

Perante a acusação de que o BCP prestou informações falsas ao mercado, o banqueiro explicou que estas situações ganharam contornos fora do comum, em vez de se aguardar por uma explicação.

Nas quatro páginas de entrevista, o fundador do banco, que deixou as funções executivas em 2005, saiu ainda em defesa dos administradores do BCP, que estão sob suspeita de irregularidades de gestão.

Jardim Gonçalves sublinhou que nunca houve aproveitamento pessoal por parte da sua equipa, adiantando que o banco foi alvo de uma «violentíssima campanha de imprensa, alimentada por interesses diversos».

«O BCP é uma instituição muito forte», uma «casa organizada e de sucesso, e como tal, despertou muitas cobiças», frisou.

Interrogado sobre o crédito concedido ao filho, o banqueiro afirmou que esse tipo de prática não é ilegal, explicando que o crédito não foi cobrado na totalidade, porque não havia meios para tal.

No entanto, Jardim Gonçalves garantiu que nunca foi perdoado por isso e reconheceu que a mediatização a que o banco foi sujeito a partir de Março de 2007 foi muito prejudicial para a instituição, afectando também «de forma gravíssima» a sua imagem pública.

Redação