O director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) adverte que, se o preço dos alimentos se mantiver elevado, muitos países em desenvolvimento, especialmente em África, sofrerão consequências terríveis.
No entender de Dominique Strauss-Kahn, o problema poderá também criar um desequilíbrio comercial que terá impacto sobre importantes economias desenvolvidas, pelo que «não está apenas em causa uma questão humanitária».
Se a tendência se mantiver em países como o Haiti, Egipto e Filipinas, que já estão a sofrer agitação social devido ao aumento do preço dos alimentos e à falta dos mesmos, «centenas de milhar de pessoas morrerão à fome, e crianças sofrerão de subnutrição», alertou.
Strauss-Kahn falava numa conferência de imprensa após um dia de reunião do Comité director do FMI que se debruçou sobre a crise financeira global que está a afectar economias de todo o mundo.
No seu comunicado, refere que «vários países em desenvolvimento, especialmente países com baixo rendimento, enfrentam um forte aumento no preço dos alimentos e combustíveis, que por sua vez têm forte impacto sobre as camadas mais pobres da população».
O comité instou o FMI a trabalhar em estreita colaboração com o Banco Mundial e outras organizações para dar aos países em desenvolvimento o apoio financeiro e consultoria de estratégia para enfrentar estes problemas.
O FMI diz ainda que a crise económica é de «natureza mundial» e exige uma resposta «determinada» de todos os seus países membros, admitindo que a situação piorou desde o Outono.
Os principais factores de risco estão ligados «aos acontecimentos que continuam a suceder nos mercados financeiros e à degradação potencial dos problemas com o crédito para habitação», salienta.
Também o Programa alimentar Mundial da ONU garante que a subida de preços dos alimentos está a arrasar as organizações de ajuda alimentar.
O porta-voz do PAM, em Genebra, refere que o programa distribui por ano quatro milhões de toneladas de alimentos e que o preço dos produtos vai ter consequências.
Perante estes alertas, António Perez Metelo, comentador da TSF para assuntos de economia, sublinhou os problemas que se colocam entre os preços dos combustíveis e os alimentos.