O especialista João Loureiro disse, esta terça-feira, à TSF, que Portugal pode entrar numa «espiral inflacionista» devido ao aumento dos preços dos alimentos. Para o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal, esta subida pode gerar «violência».
O especialista em Macroeconomia João Loureiro alertou, esta terça-feira, em declarações à TSF, para a possibilidade de Portugal entrar numa «espiral inflacionista» devido ao aumento dos preços dos alimentos.
«O conflito da subida de preços vai chegar à Europa», porque «há um conjunto de bens básicos da alimentação que têm sofrido aumentos substanciais», como o pão e o leite, e «mais tarde ou mais cedo os níveis de inflação podem tornar-se muito superiores àquilo a que estamos habituados», explicou.
O professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto apontou como única forma de inverter a tendência «aumentar a produção nacional» de alimentos, com os produtores a regressarem aos terrenos que deixaram de cultivar há uns anos.
Por seu lado, o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal (REAPP) alertou que o aumento dos preços dos bens alimentares está a levar algumas famílias a enfrentar «problemas no equilíbrio económico» e consequentemente a «ter dificuldades em manter o seu regime alimentar equilibrado».
«As pessoas começam a queixar-se sobretudo na compra do pão», disse à TSF o Padre Jardim Moreira, adiantando que a longo prazo «esta situação não vai melhorar».
O presidente da REAPP disse ainda recear que a escalada dos preços dos alimentos acabe por provocar uma enorme tensão social, inclusive situações de «violência».
Também ouvido pela TSF, o director executivo da Oikos, uma organização que tem projectos de desenvolvimento em Moçambique, alertou para a tensão e deriva existente entre os agricultores daquele país, que dentro de poucos anos podem levar a um problema grave.
«Em Moçambique existe, neste momento, uma tensão entre a produção de material vegetativo para a produção de biocombustível e de cereais», alertou João Fernandes, adiantando que se o problema persistir durante mais dois anos, o país vai enfrentar um «gravíssimo problema».
Perante a crise, adiantou, Moçambique «terá de pagar mais para a importação de alimentos», enquanto «os dadores, que antes disponibilizavam alimentos, não vão poder continuar a fazê-lo».
Para além da Oikos, vários organismos internacionais têm chamado a atenção para as graves consequências do aumento dos preços dos alimentos, sobretudo nos países em desenvolvimento.