Na intervenção na Assembleia Geral, o presidente do Sporting dramatizou o discurso. Os sócios do clube têm de escolher: ou ele ou os interesses instalados.
Ao ataque, Bruno de Carvalho abriu a Assembleia Geral extraordinária do Sporting com um discurso de meia hora, durante o qual disparou contra tudo e contra todos.
Debaixo da mira do líder do Sporting estiveram, por exemplo, nomes de antigos presidentes como Dias da Cunha e José Roquette, que têm acusado o atual líder dos leões de ser populista.
"Populista é aquele que pratica práticas políticas no estabelecer de uma relação entre as massas e a liderança. Um líder carismático. Sou esse líder, que se afastou das elites e dos grupos e grupinhos", atirou, visando um ex-presidente do clube.
Outra das figuras atacadas pelo líder do Sporting foi Rogério Alves, antigo presidente da mesa da AG do Sporting, de quem disse ser um detrator dos bastidores, com a ambição de vir a presidir ao clube.
"Por que não fala dos almoços e jantares que nunca cessam porque este é clube do bota-abaixo constante? Por que se quer manter como o D. Sebastião do nosso clube e não afirma de uma vez que quer ser presidente do Sporting e que tudo fará para o conseguir?", questionou.
O treinador Marco Silva, que deu ao Sporting a Taça de Portugal em 2015, quebrando uma série de sete anos sem título, antes de sair em litígio com Bruno de Carvalho, também não foi poupado, afirmando que o técnico "foi despedido do Olympiacos, desceu de divisão uma equipa que gastou milhões [Hull] e foi despedido do Watford".
Entre outros visados, os comentadores televisivos Carlos Seixas e Carlos Severino, candidato à presidência do Sporting em 2013, foram acusados por Bruno de Carvalho de passarem informações ao Benfica.
Nesta assembleia geral estão em votação os estatutos e o regulamento disciplinar do clube e ainda a continuidade da atual direção. Bruno de Carvalho explicou porque decidiu votar não a todos os pontos.
O terceiro ponto da assembleia geral do Sporting, dependente da votação dos dois anteriores e com a necessidade de obter 75 por cento dos votos, é a continuidade da direção.
Bruno de Carvalho dramatizou o discurso e lançou o apelo aos sócios: "Estou disposto a dar o meu tempo, vida e alma ao Sporting Clube de Portugal, mas têm de estar comigo. Nos últimos dois anos tive duas hipóteses: ou me juntava aos interesses ou a vocês. Escolhi juntar-me a vocês. Agora têm de estar comigo, caso contrário os interesses acabam comigo num instante. É tão válido hoje como era há dois anos".
Bruno de Carvalho exige o apoio de 75 por cento dos sócios presentes na reunião desta tarde. Para se manter no cargo, assegurando que, se sair, não se recandidata.
Cerca de quatro mil sócios do Sporting encheram o pavilhão João Rocha, recinto da Assembleia-Geral, para votarem a alteração de estatutos e do regulamento disciplinar. Outros 200 tiveram de ser transferidos para o pavilhão multiusos.
O escrutínio será feito por voto secreto, com três boletins depositados nas 45 urnas disponíveis.