O primeiro-ministro anunciou, esta manhã, um investimento de 400 milhões de euros a aplicar durante os próximos cinco anos para que o país possa cativar a vinda para Portugal de investigadores científicos e ao mesmo tempo impedir que os cientistas portugueses de procurem outras paragens para trabalhar.
A apresentação deste projecto decorreu na Universidade de Aveiro, onde o primeiro-ministro foi confrontado com mais um protesto contra as alterações ao código do trabalho.
O chefe de Governo preferiu não fazer declarações aos jornalistas à saída da instituição de ensino superior, mas durante a apresentação das novas medidas para a ciência não deixou margem para dúvidas.
José Sócrates enfatizou que «pela primeira vez este ano que cerca de um por cento da riqueza nacional é afecto ao investimento na Ciência» e que, tendo o Governo que fazer escolhas, o reequilíbrio das contas do Estado «obrigou a que fossem afectadas muitas políticas públicas, mas o investimento na Ciência não só não foi sacrificado como cresceu».
«Hoje em dia, na economia global assente no conhecimento, nenhum país terá sucesso se não apostar no seu potencial científico», disse, justificando a «aposta na Ciência num momento de contenção da despesa pública», que corresponde a «uma visão política presente desde a campanha eleitoral com o Plano Tecnológico».
«Não digo isto para agradar aos cientistas, mas porque corresponde a uma aposta para o País, capaz de gerar mais riqueza e bem-estar», completou.
Por sua vez, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago, explicitou o conjunto de medidas para a Ciência, correspondentes a um investimento de 400 milhões de euros para um horizonte de três a cinco anos.
Destas, deu especial destaque ao lançamento de cinco mil bolsas para estudantes com bom aproveitamento escolar que se queiram associar a centros de investigação logo durante a licenciatura, concluindo que se abre assim «uma nova via de reforço na renovação curricular dos primeiros anos das universidades portuguesas».
A criação de 50 cátedras convidadas, financiadas pelo Estado e por empresas, foi outra das novidades apresentadas, tendo por objectivo «atrair investigadores de alto nível internacional».
As duas primeiras cátedras, em telecomunicações e em energias renováveis, foram formalmente criadas durante a cerimónia, mediante acordos celebrados entre a Universidade de Aveiro, a Nokia Siemens Network e a Martifer.
Mariano Gago salientou ainda a abertura de concurso para mais 500 doutorados, por contratos de cinco anos, continuando o «modelo transparente e de competição aberta para a selecção dos melhores, nacionais ou estrangeiros», iniciado em 2007 com o concurso para mil doutorados.
«Gostaríamos que este movimento de transparência penetrasse em todas as áreas científicas e que as universidades não mais contratassem professores auxiliares sem concurso e que esses concursos sejam conhecidos de todos», comentou.