No dia em que o Presidente da República termina a visita oficial a São Tomé e Príncipe, visitamos as roças da ilha.
As roças de São Tomé e Príncipe mostram uma arquitetura de poder. Na década de 50, as roças cobrem a quase totalidade do território do país. "Qualquer estrada vai dar a uma roça", afirma Rodrigo Rebelo de Andrade. O arquiteto é um dos autores do livro "As Roças de São Tomé e Príncipe".
Rodrigo e Duarte Pape são arquitetos. Fundaram um escritório de arquitetura, Paralelo Zero, dedicado ao estudo e intervenção no património de origem portuguesa em África. Em 2015 lançaram este livro, que faz um inventário de 122 roças.
Duarte explica que as roças tiveram várias fases de implantação. Num primeiro momento, eram mais pequenas, de estrutura familiar, muito inspiradas na arquitetura das estruturas agrárias em Portugal, "com um pátio, um terreiro, que organiza tudo à volta". Com o ciclo do cacau, foram-se desenvolvendo para responder ao aumento da produção.
Duarte identifica um padrão comum na estrutura agrária em São Tomé e Príncipe. "Tem a casa do patrão, uma casa de veraneio, tem a sanzala, a casa do trabalhador e tem outros equipamentos como hospital, escola, a parte agrícola - armazéns, secadores... A grande diversidade das roças, embora tenham um programa comum, todas têm as suas particularidades".
"São Tomé não tinha nada. Portanto, as roças tinham quase tudo. Eram mini-cidades que funcionavam em rede", explica Rodrigo.
Das 200 roças que existiam, atualmente há cerca de 150, nem todas em funcionamento.
Esta quinta-feira, o Presidente da República visita a Roça Sundy, que em 1922 recebeu plantas de cacau do Brasil. Foi ali que se começou a produzir o cacau no país. Para além disso, em 1919 foi nesta roça que foi comprovada a Teoria Geral da Relatividade de Einstein.
Para Rodrigo e Duarte, a melhor escolha para uma visita presidencial.
"As roças de São Tomé e Príncipe", de Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade, é uma edição da Tinta da China.