A Comissão Regional do PS/Madeira aprovou, este domingo, um voto de protesto contra os elogios de Jaime Gama, na qualidade de presidente da Assembleia da República, ao presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim.
No voto de protesto dos socialistas madeirenses, aprovado por unanimidade na Comissão Regional, lê-se que «o camarada Jaime Gama ofendeu todos os cidadãos deste país, particularmente aqueles que, na Região Autónoma da Madeira, têm sido severamente prejudicados, no seu corpo e na sua alma, pelo exercício autocrático do poder regional vigente, já lá vão trinta anos».
«Elogiar alguém que tem perseguido madeirenses, ofendido sistematicamente os seus adversários políticos, atentado constantemente contra a unidade da Pátria e atacado sucessivamente, muitas vezes de forma boçal, os titulares
de orgãos de soberania e os mais altos detentores de cargos políticos deste país é no mínimo uma falta de respeito para com os princípios indeléveis que enformam o socialismo democrático, como sejam a Liberdade e a Democracia, a que todos estão vinculados quando aderem ao Partido Socialista, quanto mais um dos seus fundadores», acusam.
Já esta tarde, o presidente da Comissão Regional do PS/M, António Rosa, acrescentou à TSF que o partido «tornou este protesto público porque os madeirenses já aprenderam que os erros políticos não devem ser repetidos».
O dirigente reconheceu o «grande passado político de Jaime Gama», mas diz não entender o seu discurso quando foi ele próprio quem, em 1992, «comparou Alberto João Jardim a Bokassa», antigo ditador e auto-proclamado imperador da República Centro-Africana.
Questionado sobre se, ao elogiar Alberto João Jardim, Jaime Gama ofendeu os socialistas madeirenses, António Rosa respondeu apenas que foram «inoportunas».
«O que está em causa na Madeira é a devolução dos direitos de cidadania, pois na região não se pode viver uma democracia com intensidade», realçou.
Na sexta-feira passada, durante a visita à Região do presidente da Assembleia da República, o socialista Jaime Gama afirmou que Alberto João Jardim «é um exemplo supremo na vida democrática e do que é um combate político combativo».
Jaime Gama destacou ainda que o progresso existente na região «é um trabalho notável, é uma conquista extraordinária, é uma obra ímpar e isso deve ser reconhecido».