O deputado Francisco Louçã criticou, durante o debate quinzenal, a existência de «políticos anfíbios» que usam a vida pública como trampolim para as empresas privadas, numa referência a Jorge Coelho. Na resposta, José Sócrates disse não aceitar «lições de moral».
Francisco Louçã criticou a existência de «políticos anfíbios» que usam a vida política como trampolim para «carreiras privadas» numa referência à ida do socialista Jorge Coelho para a presidência da Mota-Engil.
«Que políticos anfíbios são estes que saltam para um conselho de ministros para um verdadeiro conselho de ministros empresarial de uma empresa de construção civil que negoceia com o Estado e tem um ministro do PSD, um dirigente do CDS e vários ministros do PS», perguntou o deputado do Bloco de Esquerda.
No debate quinzenal, o parlamentar bloquista considerou não ser aceitável «este conúbio entre público e privado» e exigiu ao primeiro-ministro «regras» para acabar com o que diz ser a «política de facilidade».
«Política de facilidade é esta vida de quem acha que pode saltar do poder e pedir votos dos portugueses e gerir a causa pública como trampolim para carreiras privadas», frisou.
Louçã não esqueceu também o caso do porta-voz socialista Vitalino Canas, que classificou de «assalariado das empresas de emprego temporário».
Na resposta, o primeiro-ministro perguntou ao parlamentar bloquista a que «conúbio» se referia quando a este tipo de casos, referindo que «esse tique de superioridade moral é insuportável».
«Não aceitamos que se queira transformar numa espécie de patriarcado moral da política portuguesa nem no inquisidor-mor. Não lhe aceitamos lições de moral. Se há lições de moral a dar faz favor de as usar no seu partido», ripostou José Sócrates.
O primeiro-ministro aproveitou ainda a ocasião para dizer que Francisco Louçã «vem para estes debates parlamentares com a intenção de lançar lama para cima das pessoas».
Por esta razão, Sócrates acusou ainda Louçã de ter um «comportamento de fariseu» nesta questãoe de fazer «acusações sem fundamento com o único objectivo de ata car pessoalmente os outros».
O chefe do Governo aproveitou ainda para esclarecer que Jorge Coelho, que vai deixar o seu lugar no Conselho de Estado para ir para a presidência da Mota-Engil, «cumpriu todas as regras».