O PCP e a CGTP acusaram, esta segunda-feira, o Governo Regional dos Açores de «mascararem» os números do desemprego na Região, através de um programa de estágio de seis meses para jovens licenciados ou que fazem cursos profissionais.
A taxa de desemprego nos Açores é de 4,9 por cento, abaixo da média nacional (oito por cento) mas estes números «são mascarados com o programa de estágios», afirmou o dirigente João Decq Mota, da União dos Sindicatos dos Açores, da CGTP, no final de uma reunião com o líder do PCP, Jerónimo
de Sousa, e um grupo de deputados, em Ponta Delgada.
Para Jerónimo de Sousa, o programa de estágios, pago pelo Governo Regional e com «custo zero» para as empresas, «é bem intencionado» mas acaba por ser «uma desilusão» para os trabalhadores que nele participam.
O programa destina-se a jovens licenciados ou que frequentem cursos profissionais, garantindo-lhes um estágio de seis meses, mas, na prática, segundo Graça Silva, da União dos Sindicatos, ajudam a mascarar os números
do desemprego na Região.
«Nem constam dos números do desemprego nem constam no número dos activos», afirmou a dirigente sindical, garantindo que, em alguns casos, os jovens vão, durante seis meses, ter funções para as quais não tiveram formação.
"Os jovens fazem estágios para coisa nenhuma», resumiu Jerónimo de Sousa, que hoje cumpriu, com os restantes deputados do PCP, o segundo dia das suas jornadas parlamentares nos Açores que têm a legislação laboral na agenda.
Além disso, os sindicatos queixam-se de falta de fiscalização por parte da Inspecção Regional do Trabalho.
Acompanhado por outros deputados do PCP, Jerónimo de Sousa reuniu-se hoje à tarde com dirigentes da CGTP dos Açores e saiu do encontro preocupado com o facto de «a maioria dos trabalhadores açorianos receberem o salário
mínimo nacional».
Quem tem um ordenado seis por cento acima do salário mínimo já não recebe «o complemento de cinco por cento, criando uma profunda discriminação», alertou o líder comunista.