A Direcção-Geral de Arquivos poderá demorar 42 anos a terminar a expurgação de mais de seis milhões de fichas da PIDE, um trabalho que tem de ser feito antes da consulta dos processos pelo público. No arquivo, existem casos de pessoas com processos de várias décadas.
A Direcção-Geral de Arquivos poderá demorar 42 anos a terminar a expurgação de mais de seis milhões de fichas da antiga polícia política, um trabalho que tem de ser feito antes da consulta dos processos pelo público em geral.
Na semana em que se comemora 34º aniversário do 25 de Abril, o tratamento do arquivo da PIDE/DGS apenas quatro pessoas trabalha em contínuo, algo que acontece desde 1994.
Para cada um dos três níveis de acesso aos arquivos da polícia do Estado Novo, ou seja, o dos investigados, o dos familiares e o do público em geral, existe um grau de purga à informação neles contida.
Neste trabalho exaustivo, é retirada informação considerada sensível, dados que podem colocar em risco a privacidade e o bom-nome dos investigados e de terceiros, bem como dados clínicos.
Por este motivo, desde 1994, as quatro pessoas dedicadas a esta função apenas conseguiram analisar uma em cada quatro fichas da PIDE, distribuídas em 20 mil caixas.
Em declarações à TSF, o Director-Geral de Arquivos adiantou que o processo pode demorar menos tempo do que o previsto, tendo em conta que existe uma regra, segundo a qual ao fim de 50 anos os processos podem ser completamente libertos, «sem necessidade de expurgo».
As fichas em causa, que se aplicam a pessoas, entidades e eventos, contêm inúmeras informações detalhadas, como múltiplos dados de amigos e vizinhos da pessoa investigada.
Silvestre Lacerda deu o exemplo de Virgínia Moura, «dirigente da oposição do Porto, que tem um processo que a acompanha desde 1943», onde todos os seus passos e palavras são descritos.