O primeiro-ministro José Sócrates mostrou-se disponível para fazer o que está ao seu alcance para chamar mais à atenção dos jovens para a política. Também reagindo ao discurso de Cavaco Silva, Santana Lopes disse que o Presidente da República tem razão ao estar preocupado com o alheamento dos jovens da política.
O primeiro-ministro quer fazer tudo o que estiver ao seu alcance para mobilizar a atenção dos jovens para a política, uma intenção expressada após o discurso do Presidente da República no parlamento por ocasião da comemoração do 25 de Abril.
Reagindo a este discurso de Cavaco Silva, José Sócrates explicou que concorda com as palavras do chefe de Estado sobre o alheamento dos jovens em relação à política, mas também com aquilo que Cavaco Silva disse sobre o «maior optimismo e entusiasmo dos jovens em relação ao futuro do país».
«Esta é a geração com mais oportunidades de educação, de acesso às coisas boas da vida. Como disse o Presidente da República é tempo para acabarmos com as visões pessimistas e negativistas porque isso em nada ajuda», adiantou.
Para Sócrates, o importante é que os portugueses dêem o seu melhor com vista a um «Portugal melhor».
Por seu lado, o líder parlamentar do PSD não se considerou visado pelas palavras do Presidente da República que, na opinião de Santana Lopes, não fez qualquer referência a partidos políticos.
«Se o fez deve ser respeitada a crítica. O Presidente da República, que até foi líder partidário cerca de dez anos, sempre se preocupou com essa matéria. Conheço a sua preocupação e julgo que é uma preocupação que todos partilhamos», acrescentou.
Santana Lopes disse concordar com as palavras de Cavaco no parlamento e considerou mesmo normal que o chefe de Estado «seja o porta-voz dos sentimentos e pensamentos das pessoas».
Já Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, considerou que foi pena que o Presidente da República não tenha feito um discurso semelhante ao que fez esta sexta-feira no parlamento na sua recente visita à Madeira.
«Podia e tinha que ter exigido clareza e coerência e não vender ilusões como critério para a democracia. É preciso falar claro para dizer que a democracia se reforça como ela tem de nascer e viver com mais democracia e transparência», explicou.
Louçã recordou a relação «conflituosa» de Cavaco com os jovens enquanto primeiro-ministro e lembrou que «o que não é preciso é qualquer paternalismo ou chorar lágrimas de corcodilo».
«Não há uma política que envolva a participação democrática, as escolas fecham, os estudantes são afastados da vida social. É preciso um grande impulso democrático que torne os jovens centrais na vida política», concluiu.
Por seu lado, o secretário-geral do PCP considerou que a «culpa não pode morrer solteira» no que toca ao facto de os jovens estarem cada vez mais afastados da política.
Jerónimo de Sousa lembrou que «sucessivos governos, incluindo governos do actual Presidente da República» resumiram a um parágrafo no livro de História o que se falava nas escolas em relação ao 25 de Abril.
«Que ninguém sacuda responsabilidades em relação aquilo que fizeram no plano da educação, da formação dos jovens, na formação do entendimento político, do nosso país», adiantou.
O presidente do CDS-PP considerou, por seu turno, «relevantes» as palavras de Cavaco Silva sobre a questão e lembrou que o sistema escolar que surgiu após a revolução diminuiu o interesse dos jovens sobre a história recente.
«Criou uma série de fantasmas que são impeditivos do conhecimento mais profundo de uma disciplina importantíssima e interessantíssima que é história», concluiu.