Sociedade

Combate ao problema dos sem-abrigo é uma "batalha sem fim"

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, fala aos jornalistas após audição na Comissão de Trabalho e Segurança Social sobre a situação na Associação Raríssimas - Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras na Assembleia da República, em Lisboa, 18 de dezembro de 2017. MANUEL DE ALMEIDA / LUSA Manuel de Almeida/Lusa

O ministro da Solidariedade afirmou que a situação das pessoas em situação de sem-abrigo "é uma das realidades mais complexas, mais exigentes e mais difíceis" no conjunto das políticas sociais.

"O fenómeno das pessoas em situação de sem-abrigo vai muito além da dimensão da carência económica", afirmou Vieira da Silva, esta terça-feira, no primeiro Encontro Nacional dos Núcleos de Planeamento e Intervenção de Sem-Abrigo (NPISA), promovido pelo Instituto da Segurança Social.

O ministro adiantou que são "múltiplas e variadas" as causas que levam "mulheres e homens à situação de sem-abrigo", admitindo que o combate a este fenómeno é uma "batalha sem fim".

"Quando a sociedade consegue resolver o problema de várias pessoas em situação de sem-abrigo, há sempre o risco de outras estarem a surgir, porque os fenómenos de reestruturação da vida familiar, de crises que as pessoas atravessam na sua vida (...) faz com que nunca possamos desarmar esta política, que tem que estar sempre preparada para dar resposta a novos casos que vão surgindo", disse Vieira da Silva aos jornalistas, à margem do encontro.

Vieira da Silva salientou a importância da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo para combater o fenómeno. "É a segunda estratégia que foi organizada no plano deste combate de tão grande importância e de tão grande simbolismo" e que resultou da avaliação da primeira estratégia que decorreu entre 2009 e 2015.

Na avaliação foi identificado "um conjunto de constrangimentos" como limitação de alocação de recursos e falta de capacidade de decisão relativamente a propostas que iam ao encontro de metas que tinham sido fixadas.

O objetivo é que a nova estratégia "possa potenciar o trabalho já realizado, reforçar as medidas em curso e criar as condições necessárias para a sua tradução em resultados práticos", disse Vieira da Silva.

Entre as principais medidas da estratégia, orçada em 60 milhões de euros e que engloba 15 objetivos, 76 ações e 103 atividades, destacou o acolhimento residencial, o alargamento e integração na área da saúde e o incremento na criação de condições para a formação e emprego.

Vieira da Silva avançou que à verba estimada vão somar-se outras intervenções, que "não são diretamente dirigidas" a esta área, mas que podem inclui-la, como a formação profissional, e que estão a ser mobilizados recursos significativos para atuar nas várias áreas.

"Creio que estamos em condições para melhorar a eficácia e aprofundar este combate, que é um combate de cidadania de primeira prioridade", assegurou.

O encontro promovido pelo Instituto da Segurança Social, que está a decorrer em Lisboa, tem por objetivo apresentar a nova estratégia e promover a sua efetiva implementação no país a partir dos contributos de todas as entidades envolvidas na integração das pessoas em situação de sem-abrigo.