A decisão da Comissão Europeia sobre as ajudas do Estado mostra problemas na informação sobre crédito e revela que a instituição deu mais juros do que podia.
A Comissão Europeia identifica "deficiências significativas" na informação sobre créditos no Novo Banco. Na decisão sobre as ajudas do Estado na venda do Novo Banco à Lone Star, Bruxelas aponta o dedo à gestão já sob controlo do Banco de Portugal.
O documento de novembro do ano passado, agora conhecido, mostra ainda que o Novo Banco não cumpriu os limites de juros nos depósitos.
A instituição estava impedida de aplicar juros acima da média do mercado. A medida foi determinada em 2015 para evitar distorção na concorrência. Mas a análise das contas de junho de 2017 prova que o banco não cumpriu a recomendação e deu taxas de juros acima do que podia.
Esta não é a única falha detetada por Bruxelas. No relatório, são identificados problemas na informação sobre créditos, que não se limitam aos tempos do Banco Espírito Santo.
A Comissão Europeia encontrou "deficiências significativas" na instituição, já sob controlo do Banco de Portugal.
Entre elas, documentação não rigorosa ou incompleta nas revisões de empréstimos, acordos de renegociação de crédito sem muitas garantias para o banco, fixação pouco consistente de spreads para créditos, classificações de riscos pouco claras e números pouco confiáveis.
No relatório de outubro, Bruxelas lembra que o Banco de Portugal tinha o controlo direto da instituição há mais de um ano e os problemas continuavam. A Comissão Europeia conclui que, já com o regulador aos comandos, "o Novo Banco parece ter feito pouco para responder às anteriores práticas problemáticas".