O tribunal de Faro já terminou o interrogatório a 19 dos 23 imigrantes que foram detectados ontem ao início da tarde na ilha de Culatra, em Olhão. O grupo pretenderia chegar a Espanha, mas foi apanhado pelo mau tempo, acabando por dar à costa algarvia.
Os 19 marroquinos saíram do tribunal com o rosto tapado com uma folha branca, a gritar «Viva Portugal» e a fazer o «V» de vitória com os dedos. O grupo entrou num autocarro com destino ao centro de acolhimento do aeroporto de Faro.
Em declarações aos jornalistas em Lisboa, o director nacional do SEF apontou como provável que os imigrantes ilegais sejam reencaminhados para a Unidade Habitacional de Santo António do Porto, lugar preparado para estas situações, caso o tribunal decida a favor do repatriamento.
Em relação aos africanos que faltam ouvir, duas mulheres e um homem, serão interrogados na quarta-feira. Resta uma rapariga de 15 anos que será ouvida ainda hoje no Tribunal de Menores de Faro.
Ao início da tarde surgiu a hipótese de existir mais um africano em fuga para além dos 23 detectados, mas esta possibilidade foi desmentida à TSF pela governadora civil de Faro.
Isilda Gomes adiantou que «não faz sentido nenhum falar-se neste elemento» e que a ideia terá surgido a partir do grupo de marroquinos como uma tentativa de proteger o cabecilha que assegurou a viagem clandestina.
O grupo passou a noite nas instalações do SEF no Aeroporto de Faro, cujas condições não são indicadas para «tanta gente», defendeu um deputado do Bloco de Esquerda que hoje se deslocou ao Tribunal de Faro.
António Chora dirigiu-se ao local em solidariedade para com os imigrantes, tendo falado com sete deles que pediram «compaixão» aos portugueses e elogiaram a forma como foram tratados em Portugal, ao contrário do que já lhes acontecera antes em Espanha, onde dizem ter sido maltratados.
Alguns dos cidadãos que chegaram à costa algarvia segunda-feira admitiram já ter tentado alcançar a Península Ibérica através de Ceuta, tendo sido depois interceptados e reencaminhados para o seu país de origem.
Segundo António Chora, a imigrante mais nova do grupo confessou-lhe já ter estado num centro de acolhimento em Espanha durante dois anos e meio, tendo sido depois devolvida ao pai em Marrocos, para onde não quer voltar.
O deputado do Bloco de Esquerda (BE) afirma que o partido não concorda com a Lei de Imigração em Portugal e afirma ter propostas para suavizar a imigração legal.
«Achamos que [a lei] é restritiva demais e temos propostas que oportunamente apresentaremos», concluiu.