Economia

António Costa considera "essencial" que Zona Euro tenha orçamento próprio

epa06602679 Prime Minister of Portugal, Antonio Costa, delivers his speech at the European Parliament in Strasbourg, France, 14 March 2018. In the morning, MEPs will debate the US decision to impose tariffs on steel and aluminium. EPA/PATRICK SEEGER Patrick Seger/EPA

O primeiro-ministro português afirmou que "qualquer união monetária madura dispõe de uma capacidade orçamental".

O primeiro-ministro defendeu esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, que dotar a Zona Euro de um orçamento próprio é "essencial" para "otimizar" a Zona Euro como união monetária, "corrigindo assimetrias e reforçando a convergência".

"Qualquer união monetária madura dispõe de uma capacidade orçamental. É nesse sentido que venho defendendo a criação de uma capacidade orçamental própria da Zona Euro, articulada com o exercício do Semestre europeu", defendeu.

É a primeira vez que António Costa concretiza a arquitetura desta capacidade orçamental, que "poderá servir como instrumento de estabilização contra choques externos".

"O seu objetivo primordial deve ser o investimento, dotando as Recomendações Específicas por País, consolidadas nos Programas Nacionais de Reformas, de instrumentos financeiros para a sua implementação".

O primeiro-ministro quis também esclarecer que não está a propor "uma união de transferências, nem mecanismos de financiamento às ineficiências nacionais".

"Quero ser claro: não defendo transferências permanentes. O mecanismo de convergência que proponho deverá assentar numa base contratual, de forma a executar reformas desenhadas à medida de cada país em função dos seus bloqueios estruturais específicos, que permitam melhorar o seu potencial de crescimento", disse António Costa, esclarecendo que deverão ser definidas "metas quantificadas e calendarizadas, cujo cumprimento condicione a transferência faseada das tranches de financiamento".

Costa exemplificou que "a educação, formação ao longo da vida, I&D, inovação, fixando métricas de sucesso e calendários de concretização" deverão ser investimentos "prioritários", tendo em conta "o Country Report de Portugal".

Na análise que apresentou na semana passada, a Comissão Europeia considerou que Portugal ainda apresenta "desequilíbrios macroeconómicos", mas num grau menor.

"A correção dos desequilíbrios foi substancial, nomeadamente sobre as finanças públicas, no setor financeiro, no desemprego [ou] na competitividade", disse na altura o comissário Pierre Moscovici.

O relatório referiu que foram conseguidos "avanços significativos" ao nível do emprego, para níveis anteriores à crise, e que o Governo está a fazer esforços para a redução da dívida.

Esta quarta-feira, em Estrasburgo, António Costa defendeu que um orçamento próprio para a zona euro pode ser utilizado como mecanismo para a correção dessas "assimetrias" que ainda subsistem entre os países da zona euro.