economia

Ministros «não têm autoridade» para mandar nas empresas

O presidente do Grupo Sonae considera que os ministros não têm autoridade para mandar nas empresas e nos salários que estas pagam aos gestores. Belmiro de Azevedo diz que a questão está a ser colocada ao contrário.

No mesmo dia em que o ministro das Finanças apelou à moderação nos salários dos altos quadros das empresas, Belmiro de Azevedo afirmou que para defesa da equidade o Governo tem outros meios, como os impostos, «mas isso tem custos políticos que não quer assumir».

«Os ministros não têm autoridade para mandar nas empresas», afirmou Belmiro de Azevedo na conferência «Portugal em exame».

Na linha do que já havia sido dito pelo presidente do BPI, Fernando Ulrich, durante a mesma conferência, Belmiro de Azevedo afirmou que quando se fala de gestores de topo em Portugal «está-se a falar de uma gota de água» e que, na maioria das empresas, em geral existe equidade interna entre responsabilidades e remunerações.

«Há um mercado livre e os gestores que não se considerem bem pagos podem sair do país (...) se calhar a questão ao contrário, devia remunerar-se de forma a atrair esses gestores (...) ou algum dia as empresas portuguesas terão que gerir com uns bananas».

A discussão sobre este tema teve o seu tiro de partida no último discurso de final de ano do Presidente da República, Cavaco Silva, que condenou a discrepância de salários dos gestores e restantes trabalhadores de certas empresas.