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Crise na justiça não pode servir para limitar acção do Ministério Público

O Procurador-geral da República Pinto Monteiro disse, esta sexta-feira, que os códigos aprovados não estão de acordo com a realidade e avisou que a crise na justiça não pode ser pretexto para se limitar a acção do Ministério Público.

Se há quem saia especialmente prejudicado com a crise dos cidadãos em relação à justiça é o Ministério Público. O Procurador-geral da República considera que o sentimento de descrença apenas legitima os Governos a introduzir condicionalismos à instituição.

«Hoje os ventos não correm favoráveis ao Ministério Público (MP) na Europa. O poder executivo sente-se legitimado nos países da Europa para introduzir limitações ao poder judicial, neste caso ao Ministério Público. A legitimação advém do descontentamento do cidadão perante a justiça»,

observou Pinto Monteiro,

Para ficar mais próximo das pessoas o Ministério Público deve contribuir «para uma justiça mais transparente», acrescentou o procurador-geral da República.

Pinto Monteiro acusou também o Parlamento de legislar compulsivamente sem medir as consequências.

«A justiça atravessa uma crise de identidade, definição e eficiência, o que advém da desadequação das leis aos tempos novos», salientou.

O procurador-geral da República deixou ainda um exemplo do pacote de medidas contra a corrupção que apelidou de legislação da moda.

«Cada época tem modas e neste momento é a corrupção, o branqueamento de capitais. Uma moda legítima, mas o código não favorece muitas vezes isso, porque como dizem os especialistas, gera-se um desconforto», salientou.

As palavras de Pinto Monteiro foram deixadas no Fórum Nacional do Ministério Público que decorreu em Lisboa.