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Fusão de primeiro e segundo ciclos adiada

Um estudo do Conselho Nacional de Educação defende a fusão entre os primeiro e segundo ciclos de escolaridade, para acabar com as transições bruscas do quarto para o quinto ano. O Governo já fez saber que para já não há condições para avançar.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) vai apresentar, esta terça-feira, um estudo que defende a fusão entre os primeiro e segundo ciclos de escolaridade, para acabar com as transições bruscas do quarto para o quinto ano.

O estudo «A Educação das Crianças dos zero aos 12 anos» identifica um contraste «violento e repentino» entre os dois primeiros ciclos, já que os alunos passam de uma sala de aula única, numa escola pequena e com um único professor para vários docentes no segundo ciclo.

O ciclo de seis anos «visaria neutralizar as transições bruscas identificadas ao nível da relação dos alunos com o espaço-escola, as áreas e os tempos de organização do trabalho curricular e a afiliação dos professores», segundo o estudo.

A proposta do CNE defende que no segundo ciclo, como na antiga primária, os alunos tenham apenas um professor que deverá ser progressivamente apoiado por outros docentes nas áreas das ciências e das letras.

O Conselho Nacional de Educação considera que com este modelo se evitaria destabilizar o aluno, o que acontece com a actual organização do ensino.

O estudo admite, no entanto, que a fusão engloba riscos, como uma eventual descoordenação das equipas e um ascendente dos professores do segundo ciclo sobre os do primeiro.

Os especialistas sugerem ainda mais apoio das crianças até aos três anos, com a profissionalização das amas, mais ofertas na ocupação de tempos livres e uma maior articulação entre os serviços sociais e educativos, até porque o estudo denuncia uma disparidade de olhares e a ausência de uma política integrada para a infância.

Sem descartar a hipótese da fusão dos primeiros ciclos de escolaridade, o secretário de Estado da Educação, citado pelo Correio da Manhã desta terça-feira, frisou que é necessário «um largo consenso político» para poder avançar com a ideia.

«Não é para uma legislatura. É preciso integração ao nível do currículo. É uma questão que os partidos devem colocar na agenda», sugeriu Valter Lemos.

Entretanto, ouvido pela TSF, o presidente do CNE reconheceu que a eventual fusão entre os dois ciclos não se em pouco «tempo», porque «precisa de um sentido de orientação, de uma estratégia».

«A sociedade tem de criar o ambiente adequado para que essas mudanças aconteçam no tempo necessário para serem bem sucedidas», disse Júlio Pedrosa.