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Portugal tem médicos suficientes mas mal geridos

A falta de médicos no país não se resolve com mais vagas nas universidades, opinião partilhada pelo bastonário da Ordem dos Médicos e pelo presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.

Daqui por quatro anos o problema da falta de médicos pode ser ainda mais grave, e a situação tende a agravar-se. A ministra da Saúde já assumiu o problema.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos a questão não se resolve com mais vagas nas faculdades mas sim com a oferta de incentivos aos médicos para que permaneçam do Serviço Nacional de Saúde.

«O problema é que os médicos demoram 10 anos desde que saem da faculdade e ate serem profissionais operacionais, o que significa que dentro de quatro a cinco anos vamos enfrentar um período em que há muitos médicos mas sem especialidade», explica o bastonário.

Pedro Nunes defende que «o que é preciso e que os actuais médicos não abandonem o Serviço Nacional de Saúde para darem formação aos futuros médicos, já que estão a ser formados cerca de 1400 médicos por ano, o que e mais do que suficiente.

Manuel Delgado, da Associação dos Administradores Hospitalares, explica que em Portugal há mais de 33 mil médicos, um número superior a muitos países da União Europeia, por isso o que é preciso é uma boa gestão dos médicos dos serviços clínicos.

«Os médicos podem deixar de fazer urgências nocturnas a partir dos 50 anos, e a partir dos 55 anos, podem abandonar as urgências diárias, o que acho demasiado restritivo», diz Manuel Delgado.

O presidente da AAH diz ainda que continuam a faltar médicos na periferia e em determinadas especialidades como a medicina familiar e a anestesia.

A TSF ouviu também Carlos Santos, do Sindicato Independente dos Médicos, que também considera existirem médicos suficientes no país, salientando que o que há é uma «assimetria entre o interior e o litoral».

Carlos Santos salienta que apesar de muitos médicos estarem prestes a entrar na reforma, eles vaio continuar a prestar serviços de saúde em espaços privados e caberá ao Estado assegurar que esses serviços possam fazer parte do SNS.