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Pescadores não acreditam que o Governo corrija os problemas do sector

Pescadores Lusa

Os pescadores estão poucos confiantes em que o Governo aceite corrigir alguns problemas do sector e prometem aderir em peso à greve que tem início sexta-feira. No Algarve, os pescadores culpam os intermediários pela falta de lucros.

 

«Uma grande parte dos pescadores que trabalham na pesca local com gasolina não têm qualquer tipo de apoio e pagam o combustível ao mesmo preço que os automobilistas, incluindo o IVA a que a pesca está isenta», alertou.

António Macedo frisou que «mais de 50 por cento das sete mil embarcações que estão registadas em Portugal trabalham com gasolina e não têm qualquer expectativa» de melhorias no sector.

Apesar do encontro desta quarta-feira com Jaime Silva, pescadores e armadores agendaram uma greve de vários dias, que tem início na próxima sexta-feira e que deverá contar com uma marcha junto à residência do primeiro-ministro, José Sócrates.

Entretanto, os pescadores espanhóis e franceses já começaram uma paralisação por tempo indeterminado, sendo que sexta-feira vão reunir-se com os pescadores italianos a fim de decidirem em conjunto novas acções que pressionem os ministros europeus a adoptarem medidas de apoio às pescas, tendo em conta a subida dos combustíveis.

Este movimento concertado de pescadores europeus poderá provocar a escassez de peixe nos mercados, com a inevitável subida dos preços.

«É natural que os preços do pescado venham a aumentar já que não se prevê que haja qualquer descarga de peixe fresco neste dias», sendo que «provavelmente também nos outros países da União Europeia as pescas estarão paralisadas», alertou António Macedo.

No Porto de Portimão, no Algarve, onde a esmagadora maioria dos pescadores pretende aderir à greve, os pescadores queixam-se de «vender sardinhas a 40 cêntimos», quando a gasolina lhes custa «80 cêntimos», numa altura em que cada barco gasta cerca de cem litros de combustível por hora.

Ouvido pela TSF, o mestre Jorge Vairinhos alertou que quem ganha com as vendas no sector são os intermediários, ao comprarem os peixes a preços baixos e posteriormente vendendo-os caros no mercado.

«Com a crise, há barcos que optaram por encostar ao cais», porque «não têm dinheiro», adiantou, sublinhando que «isto é um problema social grave».

«No último mês ganhei 101 euros e eu até sou daqueles que ganham mais. Isto está mesmo mau», lamentou José Paulo, tripulante de um barco de pesca de sardinha.

O mestre Jorge Vairinhos elogiou ainda a mobilização dos pescadores franceses, adiantando que em Portugal o sector «não se mexe», parecendo que «alguém deve alguma coisa ao Salazar».

Redação