A falta de metade dos meios aéreos necessários para o combate aos incêndios foi o ponto de partida para o debate no Fórum TSF.
O PCP considera que o Estado não pode ficar dependente de particulares em relação aos meios de combate ao fogo, e que deve investir em meios próprios para combater o fogo.
O Estado voltou a falhar o segundo concurso de aluguer de aviões e helicópteros. Dos 40 meios aéreos pretendidos pelo Governo, só vão ser contratados 12, porque as propostas apresentadas ultrapassaram, em muito, o valor limite fixado pelo governo.
Jorge Machado, deputado do PCP, disse no Fórum TSF que o fracasso no concursos comprova "a absoluta necessidade de o Estado garantir os seus próprios meios aéreos".
"Estamos a assistir a uma cartelização que leva à inflação dos preços por parte dos operadores privados, numa tentativa de 'sacar' o máximo possível ao Estado", afirmou o deputado comunista.
O deputado comunista responsabiliza o PS e, acima de tudo, o PSD e o CDS-PP pela situação.
O Ministério da Administração Interna (MAI) já admitiu avançar para ajustes diretos nos aviões e helicópteros de combate ao fogo, uma opção que deve comportar encargos bem superiores.
Já o CDS-PP considera "particularmente grave" o facto de o Governo ter falhado a contratação de meios aéreos, considerando ainda "extremamente preocupante" o encerramento do hangar.
"Já perguntei ao sr. ministro Eduardo Cabrita, mais do que uma vez, se ele não estava preocupado que nenhum dos Kamov estivesse a voar. Agora não só não estão a voar, como o hangar foi selado", disse o deputado Telmo Correia.
No Fórum TSF, Telmo Correia enumerou ainda outras das preocupações do CDS: "A formação dos GIPS [Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro], ou seja, os homens da GNR - que supostamente agora terão um papel muito importante - não está concluída e é insuficiente; os bombeiros admitem pôr reservas à sua participação porque não sabem exatamente a definição de missões; a nova lei da Proteção Civil, que o Governo anunciou, está atrasada; a natureza pública do SIRESP não está fechada", refere Telmo Correia, sublinhando que estas são matérias que deveriam estar fechadas até ao final deste mês.
Também o Bloco de Esquerda se mostra muito preocupado com a falta de meios aéreos e o encerramento do hangar dos Kamov.
"O sistema de planeamento e ordenamento da floresta não existe. Não há medidas concretas", afirmou o bloquista Pedro Soares, no Fórum TSF.
Por sua vez, o PSD acusa o Governo de estar a "brincar com o fogo". O deputado social-democrata Carlos Peixoto disse que o executivo socialista tem estado a "apanhar bonés" em relação aos incendidos, porque se "obstinou com cativações e com a redução da despesa pública".
José Miguel Medeiros, deputado do PS, respondeu às críticas em relação à falha na contratação de meios aéreos. No Fórum TSF, o socialista defendeu que o ano de 2017 "não foi um ano normal".
"O Governo ainda estava, em outubro, a estender concursos do ano anterior para reforçar aquilo que se estava a passar. Como é que podia estar já a lançar novos concursos?", questionou José Miguel Medeiros, acrescentando que estes concursos são "processos muito complexos".
"Desdramatizar" fracasso no concurso
Para Paulo Fernandes, investigador do Departamento de Engenharia Florestal, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, os meios aéreos são apenas um instrumento "complementar" no combate às chamas.
Ouvido no Fórum TSF, o especialista defende que que "não é por haver maior ou menor disponibilidade de meios aéreos" que existe uma capacidade muito mais substancial de extinguir os incêndios.